terça-feira, 20 de abril de 2010

Walt Disney






Walt Disney por Diogo Taroco*

Por mais que pareça extremamente óbvio e nada original, não pude deixar de escolher Walt Disney para realizar esse trabalho. Seria cinismo de minha parte fazer um texto sobre outro animador, não que eles sejam menos importantes ou desinteressantes, mas pelo simples fato de que Disney marcou e ainda marca minha vida. Os desenhos de que mais gosto, longas animados de que mais me recordo, filmes mais assistidos durante a infância, melodias, frases e seqüências penetradas em minha mente. Tudo isso pertence às criações dos Estúdios Disney, que não existiriam se Walt não fosse o precursor de todo esse legado.

É quase impossível uma pessoa não conhecer pelo menos um elemento criado pelas projeções e propagações das idéias de Disney. Seus desenhos ganharam a cultura de massa, incrustaram-se nas multidões, tornaram-se referências e expressões.
Obviamente, seria impossível falar de uma extensa variedade de conteúdos e de toda vida desse grande homem em um pequeno ensaio como esse. Há tantos temas, obras produzidas, teorias e conexões tão diversificadas que sobraria conteúdo para escrever vários livros. Mas não é o que pretendo. Traçarei um breve panorama da vida e da obra de Walt Disney, assim como a herança viva que deixou entre nós.

WALT DISNEY: UMA BIOGRAFIA RESUMIDA

Walter Elias Disney nasceu em Chicago, em cinco de dezembro de 1901. Era filho de Elias Disney, um fazendeiro e carpinteiro de descendência irlandesa, e Flora Call Disney, uma professora escolar americana de descendência alemã. Tinha dois irmãos, Roy O. Disney, oito anos mais velho que ele, e Ruth Disney, dois anos mais nova. Em 1905 os pais de Walt mudaram-se para uma fazenda em Marceline, no Missouri. Nos anos em que viveu na fazenda Walt desenvolveu paixão por desenhos. Acredita-se que os animais presentes em suas futuras histórias também foram idealizados pelos que viviam nesse local. Depois de quatro anos, em 1911, a família de Walt mudou-se para Kansas City. Nessa cidade Walt estudou na Benton Grammar School, onde conheceu Walter Pfeiffer. A família de Pfeiffer era apaixonada por cinema e acabou introduzindo Walt ao universo dos vaudevilles e dos filmes. Já nessa época ele fazia cursos infantis aos sábados no Kansas City Art Institute. Em 1917, de volta a Chicago, fazia cursos noturnos no Chicago Art Institute. Nesse período tornou-se cartunista do jornal de sua escola. Seus desenhos expressavam patriotismo e enfocavam a Primeira Guerra Mundial.

Com 16 anos largou a escola para entrar no exército, mas não conseguiu se alistar por não ter idade suficiente e entrou parta a Cruz Vermelha. Em 1919 resolveu voltar para Kansas City e começar sua carreira artística. Tentou emprego como caricaturista em jornais, mas não foi admitido. Então Roy, seu irmão, conseguiu um emprego temporário para ele no Pesmen-Rubin Art Studio, onde criava anúncios diversificados. Nesse local conheceu Ubbe Iwerks, com quem fundou a companhia Iwerks- Disney Commercial Artists, em 1920. A companhia não teve muito sucesso, já que Disney precisava de um emprego que lhe desse dinheiro e Iwerks não tinha como sustentá-la sem ajuda financeira.

Disney começou a se interessar por animação quando trabalhou na Kansas City Film Ad Company, local em que realizava comerciais animados. Decidiu abrir seu próprio negócio de animação e chamou um companheiro de trabalho (Fred Harman) para ser seu empregado. Juntos produziam animações conhecidas como “Laugh-O-Grams”. Fizeram muito sucesso e Disney abriu seu primeiro estúdio, que levava o mesmo nome dos desenhos. Mas o estúdio não prosperou por excesso de dívidas e falta de gerenciamento adequado. Disney decidiu investir alto, foi com seu irmão e Iwerks para Hollywood tentar comercializar outra série de desenhos que havia criado, “Alice Comedies”. Foi o início do Disney Brothers Studio.

Depois do um primeiro sucesso com a série Alice, em 1927 o estúdio Disney se expandiu com o novo desenho criado por Iwerks, “Oswald The Lucky Rabbit”. O desenho foi um sucesso e o personagem principal, o coelho Oswald, tornou-se uma figura popular. Mas a Universal, que distribuía a série, registrou-a como marca, detendo os seus direitos autorais. Disney não tinha mais direitos sobre Oswald.
A perda dos direitos de Oswald talvez tenha sido um dos melhores acontecimentos para Disney. Sem o personagem ele sentiu a necessidade de desenvolver um novo, que pudesse o substituir. Fez desenhos inspirando-se em um rato de estimação que tinha e Iwerks tornou seus traços mais propícios para o processo de animação. Disney deu personalidade ao ratinho (e o dublou, quando se tornou desenho sonoro, até 1946). No princípio o personagem se chamava Mortimer, mas a esposa de Disney não achava o nome adequado e sugeriu Mickey. Em 1928 foi lançado o primeiro desenho animado de Mickey Mouse (chamava-se “Plane Crazy” e era desprovido de sons). Disney não conseguiu que distribuidores lançassem seu desenho no mercado, assim, procurou tecnologias que pudessem realizar desenhos sonoros. Criou “Steamboat Willie”, primeiro desenho sonoro com Mickey Mouse, que fez sucesso imediato. Mickey se tornaria o símbolo das produções da Disney, atingindo o ápice de seu sucesso na década de 1930.

Antes disso, em 1929, Disney lançou outra série, chamada “Silly Symphonies”, com curtas musicais. Três anos depois, Mickey continuava fazendo sucesso, ao contrário de “Silly Symphonies”. Disney enfrentava a concorrência de “Betty Boop”, criada por Max Fleischer. Então, com um acordo com a Technicolor, pôde realizar desenhos coloridos e em 1933 lançou “Os Três Porquinhos”, sucesso absoluto de audiência. A música “Quem tem medo do Lobo Mau”, presente nesse desenho, tornou-se um forte tema durante a Grande Depressão dos Estados Unidos. Posteriormente a Mickey, Disney criou vários outros personagens de sucesso, como Pato Donald, Pluto e Pateta.

Em 1935 Disney enfrentava outro forte concorrente criado por Max Fleischer: “Popeye”. Achou ser o momento propício para desenvolver seu primeiro longa metragem animado, versão de um conto dos Irmãos Grimm, “Branca de Neve”. Contrariando conselheiros, amigos e empresários que diziam que o longa se tornaria um grande fracasso, Disney continuou com a idéia do filme, desenvolvendo estudos e pesquisas para que ele pudesse se realizar com a qualidade que desejava. Não foi fácil desenvolver o filme, que necessitou de empréstimos para ser finalizado. No final de 1937, “Branca de Neve e os Sete Anões” foi concluído e estreou em 1938. Fez um enorme sucesso e se tornou o filme mais bem sucedido do ano em que foi lançado. “Branca de Neve” marcou o período que posteriormente seria conhecido como “a era de ouro da animação da Disney”.

“Pinóquio” e “Fantasia” (que foi um fracasso, comparado aos outros), os filmes de longa metragem animados lançados em 1940, após “Branca de Neve”, não conseguiram atingir os resultados esperados. “Dumbo”, lançado em 1941, também não foi muito expressivo, mas fez sucesso. Aliás, a partir dessa data até 1945, enquanto o mundo passava pela Segunda Guerra Mundial, os estúdios Disney não produziram muitas coisas, pois boa parte da equipe fora contratada pelo governo para promover filmes militares, que exaltassem os feitos da nação. A falta de apoio às produções Disney na época fez com que “Bambi” (1942) ficasse abaixo do desempenho esperado, o que não significava que não encantou multidões, como tradicionalmente acontecia com os filmes de Disney.

Após a guerra, no final da década de 1940, Disney já havia recuperado o suficiente para retomar e iniciar novos projetos. Começou a trabalhar na criação de “Alice no País das Maravilhas”, “Peter Pan” e “Cinderela”. Os curtas de animação de Disney já não faziam tanto sucesso e perdiam popularidade graças aos desenhos do “Pernalonga” distribuídos pela Warner. Mas a figura encrenqueira e rabugenta do “Pato Donald” substituiu a imagem de Mickey e passou a ser disputa direta com a Warner, em 1949.
Apesar de investir em filmes live-action, como “A Ilha do Tesouro” (1950), Walt não abandonou as animações. Logo produziu “A Dama e o Vagabundo” (1955), “Bela Adormecida” (1959- filme comparado ao sucesso de “Branca de Neve”) e “101 Dálmatas”
(1961).

Disney, além de suas constantes produções animadas, também participou ativamente da política do seu país. Era extremamente patriota e anticomunista, tanto que fazia parte de um comitê que investigava e delatava pessoas suspeitas de exercerem atividades contra o sistema capitalista.

Paralelamente a esses projetos, ainda fora do campo da animação, começou o planejamento da Disney World, na Flórida (em 1955 já havia inaugurado a Disneylândia, na Califórnia). Idealizava os parques temáticos como lugares onde poderia construir suas fantasias para que fossem realmente vivenciadas.

Em 1964 realizou seu último filme, “Mary Poppins”, outra obra de sucesso que inovou e ousou ao mesclar animação com live-action. Walt Disney morreu em 15 de dezembro de 1966, vítima de um câncer no pulmão. Mas sua influência estava longe de acabar, muito pelo contrário. Após sua morte a Disney Company continuou (e continua) se desenvolvendo. Além de revolucionar o campo da animação, hoje a marca Disney representa um império multibilionário. Produziu inúmeros outros grandes sucessos, obteve grande êxito em projetos de computação gráfica e ainda inova a indústria de entretenimento. Walter Disney tornou-se imortal por meio de suas criações.

BREVE PANORAMA DO LEGADO DE WALT DISNEY

A Disney surgiu no final da década de 1920 como uma pequena empresa, quando Walt Disney e seu irmão Roy começaram a produzir os desenhos do Mickey Mouse. A companhia cresceu gradativamente, às vezes vivenciando dificuldades financeiras, mas se estabelecendo como uma empresa de produção independente em Hollywood. Não como um dos maiores estúdios, (na verdade, a empresa dependia de outras companhias para distribuir seus produtos), os irmãos Disney construíram uma reputação para animação de qualidade, utilizando ferramentas tecnológicas e desenvolvimentos técnicos, tais como som e cores.

Apesar do status de a Disney ser uma companhia independente em Hollywood, seus produtos obtiveram popularidade instantânea e inconfundível. De fato, a imagem de Mickey Mouse foi um fenômeno global em meados da década de 1930. Graças à distribuição internacional dos filmes da Disney e aos esforços de merchandising que os acompanharam, a companhia desenvolveu uma reputação que foi ampliada muito além dos recursos das outras que existiam na época.

E a boa reputação continuou. O marketing agressivo de uma imensidão de produtos Disney, por uma ampla gama de canais de distribuição existentes em todo o mundo, contribuiu para a proliferação de imagens e personagens da Disney. Seus produtos já estavam (e hoje estão ainda mais) em quase todo lugar.

Atualmente a Disney representa uma participação muito mais dominante no mundo e nos negócios do entretenimento, visto que a companhia obteve incrível sucesso ao atingir áreas além da programação infantil. No entanto, ainda mantém tal reputação por produzir conteúdo de entretenimento familiar que é seguro, “saudável” e divertido. Esse renome é ainda mais ressaltado por representações cada vez mais vivas e abertas da violência e do conteúdo sexual em outras mídias, aspectos que se distinguem claramente da postura adotada pela Disney. Deste modo, a companhia é capaz de permanecer muito influente, se não dominante, no mercado de entretenimento familiar e infantil, assim como se expande em outras áreas de negócio.
Apesar das reivindicações de que apenas produz entretenimento, a companhia Disney criou um universo independente, que apresenta valores sempre reconhecíveis através de personagens recorrentes e temáticas familiares. A forte marca da Disney é representada pelos seus produtos, desde desenhos, filmes e programas televisivos até exuberantes parques temáticos e resorts, assim como pela filosofia da companhia. É possível, então, identificar, designar e classificar um “Universo Disney”. Universo que possui mediações históricas, que provocou transformações nos séculos XX e XXI e que criou aspectos culturais e ideológicos.

Não obstante, é preciso considerar todos os fenômenos produzidos por Walt Disney (e pela companhia Disney) seriamente e insistir que são aspectos legítimos para análises sociais e culturais. É importante não só examinarmos Disney e seus produtos, mas considerarmos e aceitarmos seu papel fundamental na construção de nossa cultura.

NÚMEROS RELEVANTES

Walt Disney foi indicado 59 vezes ao Oscar, sendo o recordista em número de indicações. Além de indicado tantas vezes, também ganhou 26 Oscars (quatro forma prêmios especiais e um foi por homenagem póstuma), outro recorde que detém.

Atualmente a Walt Disney Company possui, além de outros bens: 8 estúdios de filme, 6 gravadoras, 11 redes de televisão a cabo, 5 resorts, 11 parques temáticos, 2 parques aquáticos, 39 hotéis, 8 cruzeiros.

Entre desenhos, séries animadas e filmes, produziu 641 produtos e dirigiu 114.

Diogo Taroco, 21 anos, estudante do 7 periodo de Cinema e Video da UNA.

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