sábado, 21 de janeiro de 2012

PIERCING # 1


Piercing #1 – Liu Jian – China - 75 min, 2010

Passou em Belo horizonte durante a mostra Imagem dos Povos o longa chinês de animação Piercing #1, o que já é um fato raro. Dificilmente já tinha passado um filme chinês dessa envergadura. O filme é brutal e foi feito de maneira independente sendo produzido, escrito e animado por uma pessoa só, foi produzido por apenas 100 mil dólares e aborda os dramas sérios de algumas zonas urbanas. Apesar da animação parecer um mangá, onde há uma economia dos movimentos contem uma força que agrada varias platéias ao redor do mundo. A violência latente parece ser saída de um país como o Brasil, por exemplo. Mas estamos na China e lá as leis são mais rigorosas. Chefes corruptos, dinheiro extraviado, tráfico de influencias, jovens desocupados, um clima sombrio, uma lua impassível embalados numa musica envolvente transforman um filme num Cult instataneo.

Piercing 1 é um drama que reflete a China do nosso século, nomeadamente a crise econômica de 2008, o encerramento de muitas empresas e o fenômeno do desemprego vivido por Zhang Xiaojun, um jovem chinês que trabalhava numa fábrica de sapatos para poder pagar a faculdade. Conta às dificuldades que passa na sua rotina, bem como, as injustiças de que é alvo. A produção deste filme custou cerca de 100 mil dólares. Liu Jian escreveu, produziu, realizou e fez a animação deste longa-metragem que venceu a Monstra, prestigioso festival de animação de Portugal ano passado e o prêmio de melhor longa-metragem no Cinanima (Festival Internacional de Cinema de Animação, em Espinho). «Piercing 1» tem vencido vários prêmios internacionais, incluindo no Cinanima em Portugal.

Uma das marcas do filme é a violência aliada a injustiça. O personagem principal tem um quê de anti-herói, quer fazer o bem, mas as situações se complicam sempre. Vive atrás de emprego mas não suporta nenhum tipo de trabalho. Zhang Xiaojun sai de uma área pobre rural e vai viver para a grande cidade, onde trabalha para pagar a faculdade numa fábrica de calçado. Em 2008, a crise financeira força ao encerramento de muitas empresas e Zhang Xiaojun perde o trabalho. Um dia, um guarda de super-mercado espanca-o, pensando que ele é um ladrão. Em vão, ele pede uma compensação financeira ao super-mercado, para tentar regressar à pacata vida no campo. Mas mesmo antes de partir, a polícia prende-o. O gerente do super-mercado também tem problemas e as histórias de todos convergem numa noite de lua cheia.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

De profundis – Miguelanxo Prado



O que podemos esperar quando um gênio das histórias em quadrinhos se aventura num longa de animação? Indicado ao premio Goya de Melhor Animação, De Profundis mostra o mar de uma maneira inusitada. Um filme toca em assuntos delicados como a liberdade, a paixão e a perda.

O ponto de partida é uma casa no meio do mar. Dentro da casa uma mulher espera todos os dias tocando um violoncelo melancólico enquanto espera seu amado regressar. Seu amado é um pintor que sempre quis ser marinheiro para navegar entre peixes coloridos, estrelas do mar e uma sereia.

O filme é uma procura por emocionantes belezas e os mistérios que a circundam. Embalado pela musica interpretada pela Orquestra Sinfônica da Galícia transformando sonhos em imagens num verdadeiro poema animado que não precisa de fala para nos tocar profundamente. O filme foi concluido em 2007 em co-produção da Espanha com Portugal e conta com 80 minutos.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

MUMIA no livro CACHOEIRA de FILMES de Ataídes Braga



O MUMIA aparece com destaque no livro do professor e pesquisador Atáides Braga lançado ano passado. Sob o título programacao diferenciada o MUMIA vem junto a outros festivais que acontecem na capital mineira.

O livro Cachoeira de Filmes apresenta a história do Cine Humberto Mauro, sediado no Palácio das Artes, e de seu patrono, o cineasta mineiro que dá nome ao espaço. Entre histórias e casos do artista, o livro apresenta a cronologia das atividades da sala de cinema, criada em 1978, além de entrevistas com ex-coordenadores do espaço, fotos e materiais gráficos raros de mostras e festivais.

Assim como a sala de cinema, o livro de Ataídes Braga presta uma homenagem ao mestre Humberto Mauro (1897-1983), lembrando também dos inúmeros cineastas que produziram e lutaram pelo cinema brasileiro. O título refere-se a uma frase dita por ele: "cinema é cachoeira". Pensamento que resume bem o espírito e a intensidade de suas obras.

Inaugurado sob o título Sala Humberto Mauro, a história do cinema começou antes mesmo de ele ser erguido. Idealizado por Wagner Corrêa, primeiro programador do espaço, em parceria com um grupo de amigos, o projeto foi consolidado após longo período de exibições que aconteciam no Grande Teatro. Devido ao sucesso dos eventos e à necessidade do espaço, foi criada uma sala exclusiva para as exibições. O primeiro filme exibido foi A Noiva da Cidade (1978), dirigido por Alex Viany, a partir de um roteiro de Humberto Mauro.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Oito noites de loucuras de Adam Sandler – 2002


Dirigido por Seth Kearsley essa inusitada animação traz o astro Adam Sandler em seu primeiro filme de animação. O filme é passado durante as festas de fim de ano e é estrelado também por outros astros de dublagem como Lon Lovitz, Rob Schneider e a super modelo Tyra Banks.

O filme não foi sucesso de publico e critica por suas inúmeras piadas de cunho sexual contando até com renas carinhosas que fazem de tudo para ajudar o pequeno e peludo técnico de basquete da cidade de New England, Whitney.

Whitney vive junto a sua excêntrica Irma que vive reclamando do roubo de sua peruca de estimação. Mas o filme gira em torno do jovem Davey Stone (Sandler). Extremamente entediado, ele se mete em inúmeras encrencas e acaba sendo preso, Whitney o livra da cadeia com a intenção de colocá-lo para prestar serviços sociais a comunidade. Mas o seu ímpeto politicamente incorreto converte sua sorte em inúmeros problemas.
Com muitas reviravoltas o filme acaba funcionando como um teste para a conversão de Davey, incluindo a reaparição de sua antiga namorada.

Um conto de fadas as avessas onde o bem triunfa após se desenvolver em um ambiente hostil. Um bom filme que serve de exemplo para jovens que tentam se afirmar com suas idéias, mas descobre que a vida é para ser vivida em comunidade e não em torno de uma única pessoa.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Sítio do Picapau Amarelo vira desenho animado e vai competir com produções norte-americanas


Seção : Mexerico- 05/01/2012 09:30
Estado de Minas - Walter Sebastião - EM Cultura

http://www.divirta-se.uai.com.br/html/sessao_9/2012/01/05/ficha_mexerico/id_sessao=9&id_noticia=48154/ficha_mexerico.shtml#.TwWuUxSaBCE.facebook


Cineasta Humberto Avelar, responsável pela animação, garante que clássico do escritor Monteiro Lobato"é melhor que Harry Potter"

Monteiro Lobato (1882-1948) e sua obra mais conhecida ganham nova “encarnação”: o Sítio do Picapau Amarelo acaba de se tornar desenho animado. A estreia da série está marcada para sábado, às 10h45, na Rede Globo. “Em algum lugar”, o primeiro dos 21 episódios de 11 minutos, inspira-se no livro Reinações de Narizinho (1931). Além de apresentar os famosos personagens do escritor, ele conta história de um vendedor que chega ao sítio de Dona Benta e tenta vender livros para ela, imaginando que a vida por ali é monótona. Supreende-se ao descobrir que as coisas por lá são animadíssimas.

‘‘As histórias de Monteiro Lobato se passam no Brasil, mas são universais’’, afirma Humberto Avelar, o diretor da série. Para ele, a enorme empatia que a obra desperta vem tanto da presença de elementos brasileiros quanto da saborosa relação entre idosos e crianças, além da riqueza dos saberes erudito e popular. Realidade e fantasia se misturam. “São temas que não envelhecem”, observa.

O fascínio que Sítio do Picapau Amarelo desperta tem raízes no mundo mágico, lembra o diretor. “As histórias sobre medos, fantasias, aventuras, bruxas e princesas são universais, como mostra Harry Potter. E o nosso Sítio é melhor que ele”, garante.

O desenho dos personagens ficou a cargo de Bruno Okada, escolhido a partir de concurso para designers. “É moderno, simpático, sedutor e puxado para o cômico”, define Avelar. A ideia é competir com outras séries modernas de animação. O complicado, revela Avelar, foi apresentar algo que ninguém fez: uma série com qualidade para competir com as produções norte-americanas.

Especialmente saboroso foi criar a trilha sonora. O cineasta optou pelo tema de abertura clássico, composto por Gilberto Gil para o antigo seriado da Rede Globo. “É difícil imaginar o Sítio sem aquela canção”, comenta. A direção musical é assinada pelo pianista André Mehmari, jovem talento da MPB.


Humberto Avelar, Diretor

Perfil Carioca de 45 anos, Avelar mora em São Paulo. Quando garoto, costumava desenhar nas margens dos cadernos. Estudou comunicação social, especializou-se em cinema e foi trabalhar em estúdio de agência de publicidade. “Fiz o caminho da insistência e consegui fazer andar o meu projeto. Animação é arte cara e, no Brasil, produzir filmes é complicado”, diz o fã de fitas da Metro dos anos 1940 e 1950, como Tom e Jerry, e do italiano Bruno Bozzeto, autor de sátiras às produções da Disney.

Seu próximo projeto é Vai dar samba, com histórias infantis inspiradas nas vidas de Cartola, Chiquinha Gonzaga, Clementina de Jesus, Jackson do Pandeiro e Noel Rosa. Também está tudo pronto para o longa As cartas mágicas do doutor Cascudo.

Humberto Avelar comemora o crescimento da animação brasileira, mas aponta desafios: “Temos recursos humanos em todos os setores, mas não em quantidade suficiente para produzir em grande escala”.

• Curiosidades

» A voz de Dona Benta no desenho animado é da atriz Gessy Fonseca, de 87 anos. A dubladora fez o mesmo trabalho na versão pioneira para o rádio de Sítio do Picapau Amarelo, em 1943. Teve a seu lado o próprio Monteiro Lobato.

» A casa onde o escritor nasceu e morou até os 15 anos, em Taubaté (SP), foi transformada no Sítio do Picapau Amarelo – Museu Histórico Pedagógico Monteiro Lobato. A chácara de 18 mil metros quadrados, a 130 quilômetros da capital paulista, exibe exposição sobre a vida e obra dele. Há apresentação de peças de teatro e monitores caracterizados como os personagens. Fica na Rua Campinas, s/nº. Informações: (12) 3625-5062. Funciona de terça-feira a domingo das 9h às 17h. Entrada franca.


MEMÓRIA
Polêmica no MEC

Em outubro de 2010, parecer aprovado por unanimidade pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) recomendava que o livro Caçadas de Pedrinho fosse distribuído às escolas públicas com nota explicativa sobre a presença de estereótipos raciais. Citava-se o trecho “Tia Nastácia (...) trepou que nem uma macaca de carvão pelo mastro de São Pedro acima”. Monteiro Lobato se tornou pivô de polêmica envolvendo o Ministério da Educação (MEC), professores e pais. Questionou-se se a obra do escritor seria racista. O ministro da Educação, Fernando Haddad, rejeitou o parecer.

• Sítio na TV

. Com atores

1952 – TV Tupi
1964 – TV Cultura de São Paulo
1967 – TV Bandeirantes
1977 e 1986 – Rede Globo
1995 – TV Cultura
2001 – Rede Globo

. Desenho animado

2012 – Rede Globo



PALAVRA DE ESPECIALISTA

Ana Lúcia Brandão
Pesquisadora

O nosso Andersen
“Monteiro Lobato é um clássico. Disse em cartas que estava condenado a ser o Andersen desta terra e é mesmo o nosso Andersen. Sua obra é um manancial de criatividade, em que sempre se encontram aspectos não explorados. O escritor trabalha a relação entre as diversas culturas que formam a identidade brasileira, as representações do conhecimento. Criou personagens como Emília, que experimenta o mundo questionando o estabelecido e abrindo espaço para o novo. Escreveu em linguagem coloquial, tem humor inteligente, conquista com facilidade o imaginário do leitor. Sua obra faz o trânsito entre o nacional e o universal. Lobato levou para o Sítio do Picapau Amarelo o Gato Félix, a Branca de Neve, Dom Quixote. Essa mistura de elementos é muito moderna, o mesmo que as graphic novels de hoje fazem.”