sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Little Nemo em português

Por Bruno Dorigatti
http://www.riocomicon.com.br/index.php/little-nemo-em-portugues/

Um pequeno menino, que todas as noites viaja para a terra dos sonhos em busca de uma princesa e encontra pelo caminho animais que voam, casas que andam, rainhas que quebram como cristal e um sem fim de figuras e situações psicodélicas e surrealistas.

Little Nemo in Slumberland, tira criada em 1905 por Winsor McCay, não foi das mais populares quando surgiu semanalmente no New York Herald, onde foi publicada até 1911, quando migrou para o New York American, onde saiu até 1913. Na época, Krazy Kat, por exemplo, alcançava muito mais pessoas e repercussão. Mas ao longo do século passado, as tiras em formato grande que ocupavam a página inteira dos diários [e que eram maiores do que os jornais standard impressos nos dias de hoje], passaram a influenciar artistas das mais variadas escolas, matizes e gêneros, seja pela enredo de suas histórias, a maneira como revolucionou o uso dos quadros na página, as cores que usava, a liberdade e o frescor que apresentavam as histórias que não poderiam ser classificadas como destinadas apenas às crianças.

Aos poucos e vagarosamente, foi ficando cada mais perceptível a importância e a revolução silenciosa que Little Nemo causou no mundo das artes gráficas em geral e nas histórias em quadrinhos em particular. Nomes como Moebius (autor de Garagem Hermética, Arzach etc.), Bill Waterson (Calvin e Haroldo), Maurice Sendak (Onde vivem os monstros) são alguns dos mestres a serem influenciados pelas tiras. As cores, vívidas e gritantes, seriam inspiradas em artistas da época, como Paul Cézanne, Toulouse-Latrec e Geogres Seurat. As casas que andam em longas e finíssimas pernas de pau, o cenário e o tamanho dos personagens que aumentam e diminuem, os cogumelos gigantes que se espatifam ao toque, os animais que falam e os demais devaneio oníricos de McCay anteciparam em algumas décadas e provavelmente serviram de inspiração aos surrealistas e suas pinturas absurdas e oníricas.

O grande responsável por recuperar a clássica obra de McCay e apresentá-la aos leitores e amantes de quadrinhos do século XX foi Woody Gelman, fundador da Nostalgia Press, que encontrou uma coleção original das tiras, deu-lhes o devido tratamento e lançou em fac-símile nos anos 1960, quando também exibiu-as no Metropolitan, o afamado museu de Nova York. A tira, aliás, teria sido a primeira história em quadrinhos exibida no Louvre, em Paris, na mesma época.

Little Nemo in Slumberland vem ganhando algumas belíssimas edições lá fora. A da Sunday Press Books, por exemplo, é enorme, em torno de 40 x 50 centímetros, e reproduz fielmente o tamanho, erros e falhas de impressão, restaurando apenas as cores. Já saíram dois volumes com 100 páginas cada, que custam, em média, 100 dólares. Por aqui, a Companhia das Letras informa que vai publicar a obra em 2013 pelo seu selo Quadrinhos na Cia., mas infelizmente não será neste formato e ainda sem tradutor definido.

Em domínio público desde 2007, quando completaram-se os 70 anos da morte do seu criador, a história começa a ter uma maior circulação, sem os riscos de processos ou chiadeira por conta dos direitos autorais. E foi o que fez Muraktama Rodrigues. Terminando seu bacharelado em Letras/Tradução na UFMG, ele pretende trabalhar com tradução de quadrinhos no futuro. Para exercitar o ofício, vem traduzindo e publicando as tiras de McCay on-line desde novembro passado no blog Little Nemo in Slumberland. “É um trabalho experimental que pretendo usar de portfólio para mostrar para as editoras, pois este parece ser um mercado bastante fechado”, contou ele em entrevista ao Rio Comicon.



“Eu já conhecia as tiras do Little Nemo pela importância que elas têm para os quadrinhos, mas só tinha lido algumas até decidir traduzir a obra. Depois de começar a ler, logo me tornei um grande admirador da narrativa e da arte de Winsor McCay. Acredito que qualquer leitor de quadrinhos que dê uma lida nas tiras logo vai notar vários recursos de narrativas bastante comuns a HQs hoje em dia, mas que nas tiras do Little Nemo eram algo inovador e experimental”, afirma Muraktama.

Desde que começou a cursar Letras, ele tinha vontade de trabalhar com tradução de quadrinhos. Conversando com um amigo, Yuri Riccaldone, surgiu a ideia de trabalhar com algum material em domínio público. “Consideramos algumas histórias antigas e decidimos por Little Nemo pela qualidade do material e pela escassez de edições deste quadrinho em língua portuguesa. Infelizmente o Yuri não pôde continuar no projeto, mas eu continuei traduzindo sozinho”, acrescenta.

As histórias, ele conseguiu baixar no The Comic Strip Library, que disponibiliza quadrinhos antigos norte-americanos para download, todos em domínio público. Iniciativa, aliás, que bem poderia servir de modelo para alguma instituição brasileira, como a Biblioteca Nacional, por exemplo, que possui um excelente acervo de clássicos como o Tico-Tico, O Globo Juvenil, Suplemento Infantil e Gibi.

“Como são histórias antigas, a linguagem às vezes é um pouco difícil, principalmente quando usam alguma gíria muito específica da época. Optei por atualizá-la para o leitor moderno, ao invés de usar uma linguagem mais arcaica, e é claro, respeitando o registro da fala de cada personagem. Existem personagens que falam usando mais gírias, como o Flip, e outros que usam uma linguagem mais formal, como o Rei Morpheus ou seus súditos. Tento ser o mais fiel possível considerando cada caso”, explica o estudante.

Já a produção gráfica, ele confessa ser bastante rudimentar. Usa o Photoshop, programa de edição de imagens, para inserir as falas, e escolheu a fonte priorizando o conforto na hora da leitura. “Existem profissionais no mercado que criam fontes para as HQs, como a Lilian Mitsunaga, mas eu não tenho nenhum conhecimento de tipografia, então tento fazer o melhor possível com as ferramentas disponíveis.” Um ponto positivo, segundo Muraktama, é que Little Nemo não usa onomatopeias, um problema a menos para resolver. “Entretanto, vez ou outra eu tenho que modificar alguma coisa que aparece escrita no cenário o que dá algum trabalho, e tem resultados insatisfatórios já que não domino tão bem a ferramenta.”

O jovem se recorda que, quando aprendeu a ler, morava em uma casa sem TV. Em compensação, uma pilha de gibis do Tex o entretinha durante as tardes. “Desde então, os quadrinhos sempre estiveram presentes na minha formação. Aprendi bastante sobre história, geografia e literatura, entre outras coisas, com gibis, uma ferramenta que os professores em geral subestimam, e que poderia contribuir muito para o ensino se usada de forma produtiva. Hoje, como amante da nona arte, tenho um grande interesse por ler histórias que foram importantes e contribuíram no passado de alguma forma para a criação desta linguagem, e Little Nemo certamente está inserida neste grupo de histórias.”

Enquanto a edição nacional não chega, vale a pena deleitar-se com o trabalho de Muraktma, que já publicou 50 tiras das mais de 400 que Winsor McCay fez de Little Nemo in Slumberland. Em 1911, o próprio McCay fez um curta que une trechos filmados e animados, onde aposta com os amigos que seria capaz de animar a sua tira.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

ANIMANIA - 250 - Papelão e Luz


O Labirinto do Minotauro aparece numa versão animada em 3D, no filme Knossos, de Alê Camargo.

No Jornal Flip Flap, uma visita a um Workshop de animação, para conhecer a mesa de Luz Arraia. Confeccionada pela empresa ,de Talita essa mesa foi produzida para auxiliar os animadores na produção de seus desenhos animados. Como o Animador Meton Joffily que mostra seu filme Ratos de Rua.

O animador Daniel Rabanéa aparece, para mostrar alguns de seus filmes como: Fome de Tempo, Eles estão chegando e Eletric car. Na Dica animada, ele mostra como animar um personagem em recorte de papelão, técnica que usou no seu filme Essência, que será exibido também.

O programa vai ao ar dia 06/02/2012, segunda-feira com reprise na quinta-feira, dia 09/02 pela TV Brasil