terça-feira, 31 de maio de 2011

FLAPJACK e A HORA DA AVENTURA


O mundo autoral de Thurop Van Orman e seu ex-colega de trabalho Pendleton Ward,em dois tempos por Thiago Augusto Carlos Pereira*

DAS ANIMAÇÕES IRREVERENTES DO PERIODO CLÁSSICO DA TV AMERICANA AO AGORA SEMI MORTO UNIVERSO DOS HEROIS 'SEMI-DEUSES' DOS ANOS 80, O MUNDO DOS DESENHOS ANIMADOS REVELARA EM SEUS TRAÇOS A SÍNTESE DE SUAS GERAÇÃO, COMPETINDO POR FIM COM A FORTE INVASÃO ORIENTAL EM SEU PRÓPRIO SOLO, O CARTOON AMERICANO, SEDENTO POR RETORNO FINANCEIRO E EMPATIA COM UM PUBLICO MUNDIAL E DIFERENCIADO, APOSTARIA EM ESTÉTICAS ALTERNATIVA E ESCOLAS NÃO ANTES VISTAS.

Em meio ao cenário caótico e incerto da nova estética, que logo transformar-se-ia em regra, muitos animações mundialmente aclamadas, pelo bem ou pelo mal, surgiram e produziram aos estúdios os dólares tão esperados, tais como: “O Laboratório de Dexter”, “ Jhony Bravo”, “Meninas Super Poderosas”, e outras tantas bem sucedidas (entre os tantos fracassos feitos à seus moldes).

ENTENDENDO O UNIVERSO:
A idéia é construir um mundo onde o 'Nonsense' reina, e o plausível é indiferente. A narrativa é concebida tal como os diálogos infantis os são, sem muito contexto, leves, caracterizando à imaginação como única forma aceitável de lei natural.

Ignorando aqui Bob Esponja e suas contribuições para a tal nova linguagem, discutiremos dois autores expoentes e pouco conhecidos que a seu próprio modo, revolucionaram a já revolucionária nova escola do cartoon televisivo.

Thurop Van Orman e as experiências traumáticas de sua não tão distante infância:

Thurop Van Orman é o criador do aclamado cartoon: "As Fabulosas desventuras de Flapjack" que narra a história de dois aspirantes à aventureiros 'Flapjack', um garoto de prováveis 10 anos, e o farsante 'Capitão Knuckles', uma figura não humana de espécie não identificada, ambos, se alojam na boca de uma baleia amiga chamada 'Bolha'.

A rápida estrutura da montagem, e os constantes jogos visuais indicando o que um 'narrador clássico' outrora indicava, faz de ''Flapjack'' um desenho Ímpar e notavelmente promissor.

Quando questionado quanto às origens da criação do desenho Thurop Van Orman, remete a seu passado e define sua criação num evento pessoal. Quando adolescente cansado do frio de Utah, Estado que então recentemente e a contra-gosto se mudara, viaja para Florida, antiga casa, e em busca de aventura toma um barco a remo, e acaba se encalhando num canal por três dias, experimentando os efeitos da desnutrição e insolação. Thurop resume seu sentimentos dizendo que se julgava patético por não ter tido a aventura que planejara, mas que depois, ao relatar sua história para vários de seus conhecidos, descobrira que as pessoas de um modo geral não se interessam por uma aventura bem sucedia, mas por desventuras, problemas no percurso, impedimentos e etc.

Daí a idéia de criar o universo de "FlapJack e Capitão Knuckles" baseado na procura da aventura perfeita, e o paraíso das lendas da sociedade em questão que assim como em “A Caverna do Dragão” nunca se efetuam.

Recheando o todo com personagens grotescos e situações imprevisíveis , Flapjack é um desenho sobre a infância, sobre a inocência do menino diante do conflito entre seus sonhos e o mundo ao seu redor do qual virtualmente se faz alheio. Contudo "Flapjack" nunca fizera 1/5 do sucesso de "As Meninas Super Poderosas", animação que contara com os 'story boards' (guia visual) de Van Orman, antecedendo o mesmo.

Pendleton Ward e a maturação do discurso animado.

Pendleton Ward é um sujeito nada convencional, reflexo de uma geração regada a cultura pop e jogos eletrônicos, possui aquele tipo de criatividade que é pouco admirado em adultos. Integrara a equipe dos escritores do aqui citado "As Maravilhosas Desventuras de Flapjack" contribuindo com muitas das fantásticas sacadas visuais e diálogos surreais característicos da serie. Lançara em 2008 o muito bem aceito curta metragem intitulado "a Hora da Aventura", que fora logo consagrada e financiada pela também citada 'Cartoon Network' se tornando um seriado homônimo.

A série conta as aventuras de um menino Humano chamado “Finn” e seu amigo cachorro “Jake” que têm poderes mágicos. Diferentemente de "Flapjack" esses dois ai não sabem o que buscam, vivem a cada dia a procura do que o dia têm a oferecer.
O universo é complexo, e cheio de referencias externas que passam despercebidas por muitas crianças. Pendleton diz que a idéia para o cartoon veio de suas experiências com jogos de RPG como o 'Dungeons and Dragons' e sua própria experiência com animação que segundo ele data de sua infância.

Por Fim:
Ambas obras são Oasis artísticos, que somente são obtidas atraves de um trabalho de livre criação de ambas equipes. São viscerais e caóticas, por contradizerem as regras organizacionais do 'mundo real' e animações clássicas, mas que, assim como Ward costuma dizer, têm os personagens principais sempre como referênciais de realidade, em oposição ao mundo que integram.

Insanos como uma [não por acaso chamada] "aventura de RPG", autorais e extremamente divertidos “Flapjack” e “Adventure Time” acrescentaram em sua esperteza e inovação a já complexa linguagem dos cartoons de modo único.
Impagáveis.


Nominações:
Adventure Time:
 2008 - Annie Awards : Melhor Curta de Animação
 2010 – Primetime Emmy Awards – Outstanding Short-format Animated Program
 2011 – Annie Awards – Melhor Produção de Animação para crianças.

As maravilhosas Desventuras de Flapjack:
 2009 Golden Reel Award – Melhor Edição de Som (Animação de TV)
 2009 Emmy Awards – Outstanding Individual Achievement in Animation
 2010 Annie Awards – Melhor Direção em Produção Televisiva

Premiações:
2010 – Annie Awards – Melhor Produção de animação pra TV

Referências:
Auto entrevista de Pendleton Ward ,
Link: http://www.youtube.com/watch?v=h-Lc18r4xKI

Entrevista com Thurop Van Orman, link: http://www.youtube.com/watch?v=8GBRDnYRG5A&feature=related

Wikipedia a Enciclopédia Livre

* Thiago Augusto Carlos Pereira é estudante do primeiro periodo de Cinema e Video da UNA.
www.acloudmaker.blogspot.com
www.oitomm.blogspot.com

quarta-feira, 25 de maio de 2011

ANIMANIA nº219 - "Freud e o Pão de Forma"


Um relógio pode sofrer represálias numa cozinha, no filme "Coucou Clock", de
Francois Cailleau e Audrey Fobis.

No Flip-Flap o animador César Coelho conta com os segredos dos bonecos animados para a série “Afinal o que querem as mulheres?”.

No Quadro a quadro, uma fatia de pão vive momentos existenciais no filme "Osmar, a primeira fatia do Pão de Forma", de Alê McHaddo

O programa vao ao ar segunda (30/05/2011) às 19:30, e com reprise quinta(02/06/2011) às 20:00. pela TV Brasil.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Um Estudo sobre George Pal



Um Estudo sobre George Pal por João Cláudio Rocha Costa*

George Pal era o nome artístico de Györgi Pál Marczincsák, nascido em Cegled na Hungria, no dia 1º de Fevereiro de 1908, viveu até 8 de Maio de 1980, quando faleceu em Los Angeles, EUA.

Graduou-se pela Academia de Artes de Budapeste em 1928. Trabalhou como chefe do departamento de animação dos estúdios da UFA em Berlim até 1932.

Com a tomada do poder pelos nazistas, exilou-se, em 1933, na Holanda, onde realizou uma série de publicidades em animação, em especial para a empresa Philips, como o musical Philips Cavalcade (1934).

Mudou-se para Hollywood, em 1935, produziu o filme “The Ship of the Ether”, posteriormente em 1939 produziu a série “Peppetoons” (nome derivado das palavras “puppet” e “cartoon”), com a Paramount, que o lançou a um conhecimento mais notório.Feito de graciosas figurinhas de madeira pacientemente animadas em stop motion, fotografadas em Tecnicolor e ilustrando temas musicais. Por seis anos, produziu mais de 40 “Puppetoons”, entre os quais Tulips Shall Grow.

Tornou um dos mestres do cinema de ficção científica, que na época era considerado em Hollywood um cinema menor, mas acabou por conquistar o mundo com seus filmes inovadores.

Pal já usava a fotografia stop motion na Alemanha em 1931 fundando o Trickfilm-Studio Gmbh Pal & Wittkw, sendo seus primeiros bonecos simples, de madeira com arames. Mais tarde sua sofisticação veio mostrar uma animação de precisão mecânica, equiparada somente décadas depois com a computação gráfica.

Fazendo uso da animação por substituição, podendo usar, numa caminhada de “Puppetoons”, por exemplo, até 24 pares de pernas ligeiramente diferentes para o mesmo personagem, substituídos a cada fotograma.Outro exemplo esta em “Tubby The Tuba” de 1947, mais elaborado, contou com cerca de 100 cabeças de encaixe pré-animadas.

Com o sucesso dos “Puppettons”, vários animadores que trabalhavam na série tiveram êxito em suas carreiras independentes, como Joop Geesink e Ray Harryhausen.
Nos anos 50, Pal começou a usar o stop motion para fazer efeitos especiais em filmes de ficção em live-action, tornando-se uma forte referência para diretores como George Lucas e Steven Spielberg, que já citaram Pal como influência cinematográfica.

George Pal ganhou um Oscar honorário pelas proezas técnicas de suas animações em 1943, por ser um pioneiro da animação que conseguiu transformar, com seu estilo visionário, a técnica do stop-motion numa verdadeira arte.

Entrando mais no mérito de seus filmes, se não o que fez mais sucesso, com certeza o mais belo e com um apelo dramático difícil de se alcançar em animações, temos “Tulips Shall Grow”, uma animação de propaganda antinazista, onde dois personagens principais vivem inocentes e apaixonados numa nostálgica paisagem holandesa, com moinhos e tulipas. Mas esse mundo de sonho é destruído com a chegada de um monstruoso exército de parafusos que não deixa pedra sobre pedra. Evocando a hecatombe do bombardeio de Rotterdam, que matou 1000 civis e deixou 78.000 pessoas desabrigadas, e todo o centro urbano da cidade portuária reduzido a pó.
A animação envia uma mensagem de esperança ao povo holandês: o famoso “V” da Vitória é estampado pelas nuvens no céu, depois que uma tempestade se abate sobre o exército de parafusos, enferrujando seus tanques, aviões bombardeiros e o general metálico, que terminam por se dissolver na terra. Apesar de toda a destruição, as tulipas voltarão a crescer, é a mensagem que fica.

É de se destacar ainda a ótima adaptação do livro de HG Wells no filme de 1960, A Máquina do Tempo, fazendo uso do que já conhecia de animação, o autor pôde dar vida aos personagens Murlocks, clássico do livro de Wells e que na época aterrorizaram tantas pessoas e que são lembrados até hoje, quando por exemplo em um remake recente do filme não foram tão bem retratados como Pal conseguiu.

Destaco ainda, “Jasper and the Watermelons” de 1942. Primeiro curta do personagem Jasper que estrelou tantos outros posteriores e por quem George Pal provavelmente tinha grande carinho, tendo trabalho com o pequeno jovenzinho negro de sotaque arrastado em tantas aventuras.

Especificamente no curta citado acima, o carismático Jasper caminha pela plantação de melancias com água na boca, mas é sempre impedido de comer uma, mesmo com seus olhos brilhando e lacrimejando por uma melancia. Na história, Jasper sempre muito ingênuo acaba sendo enganado por um espantalho espertalhão e acaba indo a um local onde as melancias não gostam de ser comidas. Porém no fim, Jasper acaba se dando bem como sempre.

Um detalhe importante que reparei nesse e em outros trabalhos de Pal é a belíssima fotografia, sempre muito bem trabalhada e atenta a todos os detalhes, mesmo em uma animação, muito bem feita.

Outro grande filme e um dos últimos trabalhos como diretor, está O Pequeno Polegar “Tom Thumb” de 1958, lembrado até hoje como um clássico do cinema. Usando de efeitos visuais avançados para época, Tom Thumb uniu animação a personagens reais, uma artimanha pouco usada nos dias de hoje e que tem, poucos exemplos de sucesso, sendo a história de Tom um dos melhores exemplos.

Pal usou sua vasta experiência acumulada até a época para colocar o Pequeno Polegar em enrascadas com bonecos, utensílios domésticos, animais, entre outras coisas enormes perto do pequeno protagonista. O diretor soube unir a animação ao mundo real de forma muito bem feita e sutil, com a delicadeza que Pal tinha em dar vida a objetos inanimados.


Filmografia como Diretor:


1964 As 7 Faces do Dr. Lao
1962 The Wonderful World of the Brothers Grimm (fairy tales segments)
1961 Atlântida, o Continente Perdido
1960 A Máquina do Tempo
1958 O Pequeno Polegar
1957 The Big Fun Carnival (archive footage)
1947 Rhapsody in Wood (short)
1947 Date with Duke (short)
1947 Tubby the Tuba (short)
1947 Wilbur the Lion (short)
1947 Shoe Shine Jasper (short)
1946 John Henry and the Inky-Poo (short)
1946 Together in the Weather (short)
1946 Olio for Jasper (short)
1945 My Man Jasper (short)
1945 Jasper and the Beanstalk (short)
1945 Jasper's Close Shave (short)
1945 Jasper's Minstrels (short)
1945 Jasper Tell (short)
1945 Hot Lips Jasper (short)
1945 Jasper's Booby Traps (short)
1944 Two-Gun Rusty (short)
1944 Jasper's Paradise (short)
1944 And to Think I Saw It on Mulberry Street (short)
1944 Jasper Goes Hunting (short)
1944 Say Ah, Jasper (short)
1944 Package for Jasper (short)
1944 A Hatful of Dreams (short)
1943 Good Night Rusty (short)
1943 Jasper Goes Fishing (short)
1943 The Little Broadcast (short)
1943 The Truck That Flew (short)
1943 Jasper's Music Lesson (short)
1943 500 Hats of Bartholemew Cubbins (short)
1943 Bravo, Mr. Strauss (short)
1943 Jasper and the Choo-Choo (short)
1942 Jasper and the Haunted House (short)
1942 Mr. Strauss Takes a Walk (short)
1942 Sky Princess (short)
1942 Jasper and the Watermelons (short)
1942 Tulips Shall Grow (short)
1941 Rhythm in the Ranks (short)
1941 The Gay Knighties (short)
1941 Hoola Boola (short)
1941 Dipsy Gypsy (short)
1941 Western Daze (short)
1939 Love on the Range
1938 Den stora Philipsrevyn 1938 (TV short)
1938 Radiorør-revolusjonen (short)
1938 Sky Pirates
1938 South Sea Sweethearts (short)
1937 What Ho, She Bumps
1936 Aladdin and the Magic Lamp (short)
1936 Ether Symphony (short)
1936 Sinbad
1936 Vier Asse (short)
1935 The Magic Atlas (short)
1935 The Sleeping Beauty
1934 Philips Cavalcade
1934 Ship of the Ether

Bibliografia:

http://www.imdb.com/
http://www.awn.com/
http://www.youtube.com/
Wikipédia, a enciclopédia livre.
Filmes do diretor que tive oportunidade de conferir.

* João Cláudio Rocha Costa, é aluno do segundo periodo do curso de Cinema e Video da UNA

terça-feira, 17 de maio de 2011

Animania nº218 - "Cadeiras e Voltage


A emocionante estória de uma cadeira, num filme ganhador do Oscar: A Chairy
Tale, de Norman Mc Laren e Claude Jutra.

O animador Pedro Iuá explica como animar com recortes de papel e mostra os filmes feitos com essa técnica pela Giroscópio Filmes: Cachorros, Balões e Bicicletas.

Via Web, o filme O Super Aparato, de Rubens Caetano C. Maciel, conta as confusões que um objeto mágico pode provocar no mundo.

O animador Filippe lyra fala do filme Voltage, que fez com William Paiva, uma possante animação futurista.

O programa vai ao ar segunda (23/05/2011) às 19:30, e com reprise quinta 926/05/2011) às 20:00 pela TV Brasil.

sábado, 14 de maio de 2011

ANIMANIA nº217 - "Caminhadas e Margarina"


O Animania anda à passos largos para exibir uma animação ganhadora do Oscar: Walking, de Ryan Larkin, que faz arte com caminhadas de diferentes pessoas pelas ruas num jogo de cores, formas e ritmo.

Via Web, as agruras que se pode passar ao se ter que ir ao banheiro no filme de Web Ai, que não vai dar mais Tempo! , de Bruno Hanzagic.

E prá mostrar a vida complexa da mulher moderna, o filme A vida não tem sossego, ou a vida não é um comercial de margarina, de Adriana Meirelles.

O programa vai ao ar segunda (16/05/2011) às 19:30, e com reprise quinta(19/05/2011) às 20:00 pela TV Brasil

domingo, 8 de maio de 2011

René Laloux




René Laloux por Carol Oliveira*

René Laloux, é diretor e roteirista de cinema de animação. Nasceu em Paris em 1929 e faleceu em 2004. Seu primeiro curta metragem Les Dents du Singe (1960), utilizando pacientes de uma clinica psiquiatra onde começou a trabalha e estudar animação sozinho. Em pareceria com o desenhista Roland Topor fez dois curtas: Les Temps Morts (1964) e Les Escargots (1965).

Em 1973 ainda em pareceria com Topor, produziu um longa metragem La Planète Sauvage(o plante selvagem) uma coprodução franco-checoslovaca, adaptado da novela de ficção científica OMS en Série do francês Stefan Wul , com o qual ganhou o Prémio Especial do Júri, em Cannes. Este filme fantástico, que teria sido inspirado na ocupação da Checoslováquia pelos Russos, ilustra a história de humanos, os Oms, que foram domesticados por extraterrestres gigantes de raça azul chamados Draags.

Baseado em outra obra de Stefan Wul ; L'Orpheline Perdide. René realizou a animação Les Maîtres du Temps (os mestres do tempo-1982), em parceria com os desenhistas
Jean Giraud e Moebius. Em 1988 no mesmo estilo de O planeta Selvagem fez Gandahar baseado no romance de Jen-Pierre Andrevon e com desenhos de Caza.

Seu ultimo filme foi o curta metragem Comment Wang-Fô Fut Sauvé (A Salvação de Wang-Fô), de 1987 uma adaptação do conto de Marguerite Yourcenar.
Em 1996, aceita proposta do Centre National de la Bande Dessinée et de l'Image (CNBDI) para assumir a direção do Laboratoire d'Imagerie Numérique e aposentou-se em 1999.

Em geral René não produziu animações voltadas para o publico infantil, apesar de não terem conteúdo impróprio. Inclusive elas são consideradas Cults e muito bem quistas por intelectuais.

O PLANETA SELVAGEM
O Planeta Selvagem, animação da França e da Tchecoslováquia, foi a grande vencedora do Festival de Cannes de 1973. O filme pode ser entendido como uma metáfora surrealista da ocupação russa na Tchecoslováquia. No planeta Yagam, vivem humanóides chamados de Oms onde são ou escravos ou feitos de animais de estimação. Terr, um dos Oms acaba por receber educação e se revolta contra os gigantes Draggs, até então os que mandavam no planeta. Planeta Selvagem” é seu melhor filme, um clássico cult da animação.


OS MESTRES DO TEMPO
O piloto Claude é obrigado a fazer um pouso de emergência no planeta Perdide. Ele fica ferido mas ainda tem tempo para avisar o seu amigo Jaffar o que está acontecendo. Claude manda que seu pequeno filho Piel, com apenas cinco anos, procure refúgio nas montanhas antes que as vespas gigantes que controlam o planeta apareçam. O que se segue é a luta do pequeno menino pela sobrevivência em um planeta estranho.

Fonte:
http://cinecultclassic.blogspot.com/search/label/Diretor:%20R%C3%A8ne%20Laloux
http://www.infopedia.pt/$rene-laloux

* Carol Oliveira, 24 anos, é estudante do curso de cinema e video pela UNA

sábado, 7 de maio de 2011

Mulheres animadas





Mulheres animadas por Rosângela Bicalho Teixeira Rezende*

Em um mundo tipicamente masculino como o da animação, encontrar mulheres que criam essa arte é uma raridade, e ao mesmo tempo, um fascínio. A nossa viagem textual será a de passear por onde os olhares femininos de Lotte Reineger, Elizabeth Hobbs e Maureen Selwood se assentaram.

Lotte Reineger foi a precursora das mulheres nesse mundo da animação. Nascida em Berlim (Alemanha) em 1899, encantou-se com a arte chinesa ainda criança. Seu primeiro contato com as possibilidades da animação se deu em 1915, através da leitura de Paul Wegener. Em 1918, criou seu primeiro trabalho animado que lhe possibilitou a entrada em um estúdio experimental.

Com uma habilidade surpreendente com as tesouras e com a sua paixão pela arte chinesa e em especial pelo teatro de sombras , Lotte Reineger ainda que diante de um cinema em seu início, soube usar a narrativa, as figuras delicadas e as sombras para nos oferecer um mundo de magia. Seu maior sucesso foi uma obra intitulada o Príncipe Achmed (1926) em que inovou nos efeitos. Seu pioneirismo não foi somente em relação à técnica de animação, pois em Thumbelina (1954), uma delicada narrativa baseada nas fábulas tradicionais, a protagonista é apresentada rompendo lugares tradicionais daquela época: o casamento ”arranjado”. A personagem não se intimida diante da possibilidade de se casar com quem não quer e alça vôo em direção ao seu destino. De forma semelhante as suas criações, Lotte Reineger, ainda que tenha vivido a insensatez das guerras mundiais,não se intimidou diante da vida e esta, em contrapartida, proporcionou-lhe bons prêmios e uma longa jornada: morreu aos 82 anos.

Do mundo encantado dos contos de fadas recortados e ensombrados, deslocamo-nos para as aquarelas animadas de Elizabeth Hobbs. Essa jovem artista irlandesa revela em seu trabalho a estreita relação entre as técnicas tradicionais da arte e a animação. Ao cursar o seu Máster em 1991, realizou uma animação em que usou técnicas de aquarela parecida às que usava em suas ilustrações de livros. Em 2000, cria o Imperador, com uma narrativa irreverente em que conta como os genitais de Napoleão Bonaparte foram vendidos em um leilão, mesclando tempo presente com a visão de um soldado fiel da grande armada. Ao utilizar a técnica de aquarela úmida sobre o papel , sua animação revela características impressionista que mostra o movimento fluido, efêmero e temporal.

O que é mais surpreendente em seu trabalho é a experimentação de sua técnica. Em The old, old,very old man (2007) toda a animação é desenhada em azulejo com tinta azul. O resultado é uma combinação leve e humorística de uma estória que chacoteia Carlos I . Aliás, a leveza de suas imagens combina com a fugacidade de suas formas, o que deixa a sua animação bastante sugestiva.

Sabe-se que todo animador deve ser consciente da relação entre a ideia e o método empregado para expressá-la. Além das mulheres já citadas que revelam esse saber, Maureen Selwood parece conhecer bem o tema, ao explorar a relação entre os conceitos e as formas estilísticas modernas.

Maureen Selwood nasceu em Dublin (Irlanda) e começou com suas animações logo depois de cursar a Faculdade de Artes. Seu trabalho é antes de tudo baseado na ideia desencadeada após a realização de um desenho. Ele serve como estopim para a criação de uma animação. Para ela, é fundamental ser consciente da relação entre os diferentes métodos de expressão, conhecer as diferentes formas artísticas e populares e ser capaz de articular os sentimentos dos vários períodos vividos. Esses aspectos fomentam a criatividade e desenvolvem o estilo próprio. Por ser professora, aplica diferentes métodos de ensino (associa mitos, metáforas, imagens oníricas e as pinturas surrealistas) para inspirar os seus alunos e promover a criação. Esses elementos utilizados em seu trabalho docente parecem ser utilizados em sua própria criação.

Maureen Selwood considera que a sua obra é uma odisséia poética. Em Flying circus: A imagined Memoir (1995), em uma tentativa de criar uma recordação de infância, trabalhou com diferentes maneiras de colorir e pintou fotografias estáticas em intervalos regulares. Além disso, usa em seus trabalhos filmagens ao vivo e instalações. Sua última animação I started early (2007), trata-se de uma exploração de um poema de Emily Dickison em que explora o despertar sexual de uma garota quando ela conhece o mar. Nota-se que sua trajetória aponta para uma sensibilidade filosófica que permite explorar tanto o criador quanto a criatura.

Ao chegar ao final deste passeio, pergunto-me em que as três animadoras se assemelham. Talvez as respostas pouco importem, mas sem dúvida, há, em todas elas, a marca de um estilo, de uma forma de expressão, de um saber que nasce da sensibilidade e daquilo que a vida dispõe. Conhecê-las é mais que saber sobre o feminino, pois é, sobretudo, entender que na animação há várias formas de inclusão, incursão e criação.

Referências bibliográficas:
Wells, Paul. Fundamentos de la animación. Parragón Ediciones. Barcelona: 2007.
http://www.animateprojects.org/films/by_artist/h/e_hobbs.
http:// www.animation.org
http://www.maureenselwood.com

* Rosângela Bicalho Teixeira Rezende, é psicologo e estudante do curso de cinema e Video da UNA.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Winsor McCay




Winsor McCay por Felipe Oliveira Rodrigues*

Winsor nasceu dia 26 de setembro, nos Estados Unidos, e foi um grande pioneiro da animação. Há dúvidas quanto ao ano de seu nascimento, mas acredita-se que foi entre 1867 e 1869. Desde pequeno já demonstrava grande talento para o desenho, mas nunca foi encorajado pela família. Ele estudou artes em Chicago quando contava 17 anos e, pouco mais tarde, emplacou seus primeiros trabalhos como desenhista, cobrando 25 centavos para fazer retratos de pessoas nas ruas, ilustrando cartazes de circos, eventos e, dois anos depois, propagandas.

Em 1891 casou-se com Maude Leonore Dufour e foi obrigado a mudar de emprego para conseguir sustentar os dois filhos que adquirira. Agora Winsor trabalhava num jornal, onde era cartunista. A mudança foi boa em sua vida, pois lhe permitiu criar, pela primeira vez, sua própria história em quadrinhos. Seus traços eram intensos, muitas vezes distorcidos e, algumas vezes, até mesmo surreais. Depois de trabalhos de sucesso dedicados às crianças, McCay aproximou sua temática do onírico, narrando os terríveis pesadelos que pode guardar o nosso inconsciente. Como dessa vez ele se direcionava para adultos, criou o pseudônimo de ”Silas”, para conseguir o distanciamento necessário da figura de “Winsor McCay”, já “impregnada” pelas histórias infantis. Essa é considerada a maior obra-prima do autor.
Futuramente a temática dos sonhos foi extendida numa versão para crianças, surgindo assim sua famosa história “Little Nemo in Slumberland”, que, devido ao seu sucesso, virou até peça de teatro.

McCay apresentou-se num anfi-teatro por um tempo, onde conversava com o público e desenhava ao vivo. Foi assim que descobriu a força da platéia e decidiu dedicar-se à animação. Por mais curta que tenha sido sua participação no mundo do cinema, ele revolucionou completamente as técnicas vigentes até então, pois criou um padrão de qualidade nunca visto antes, anunciando sua vanguarda. Dentre seus filmes mais famosos estão “How a Mosquito Operates” e “Gertie, the Dinosaur”.

Mesmo criando animações em duas dimensões (a única técnica até então disponível), Winsor conseguiu criar, pela primeira vez, a noção de profundidade e perspectiva no desenho animado, ajudando a compor técnicas de animação em três dimensões que surgiriam anos mais tarde.

Embora talentoso, minucioso e detalhista, sua carreira como animador não durou muito tempo. McCay decide voltar aos quadrinhos, mas acontecimentos ruins aguardavam sua carreira. Após um desentendimento com o jornal que o empregava, ele decide mudar de empregador. Foi quando sua carreira começou a descender. Suas histórias não mais faziam tanto sucesso, mas ele nunca parou de fazê-las. Seu público mudara e diminuíra, mas mesmo assim Winsor continuou a desenhar pelo resto da sua vida.

Morreu em 1934, na medida em que teve seu trabalho reconhecido no mundo inteiro. Hoje entende-se que sua participação como animador é curta, porém intensa. Ele é tido como um grande descobridor no âmbito da animação e, claro, um grande artista, que atribuiu delicadeza, técnica aperfeiçoada, inovação e criatividade a tudo que fez.

Análise do Filme “How a Mosquito Operates”

Um dos poucos filmes de McCay, “How a Mosquito Operates” demonstra sua aproximação com a temática onírica. Nele, um pernilongo gigante entra no quarto de uma pessoa que dorme e atrapalha seu sono, como já aconteceu alguma vez com a maioria de nós. A diferença é que, no curta, o mosquito tem enormes proporções. Ele enfia sua tromba diretamente na cabeça do homem, o que causa enorme desconforto a quem assiste. Para a platéia da época, era a primeira vez que se experimentava essa repulsa ao assistir um filme, sendo que esse desconforto foi comparado ao do curta surrealista “Um Cão Andaluz”, de Buñuel, onde uma navalha corta o olho de uma mulher.

Além da temática ousada, McCay inovou, como sempre, na técnica, utilizando-se de uma perfeição detalhista incrível.

O Filme persiste na memória dos grandes amantes do desenho animado e ainda é referência internacional quando se trata de vanguarda, deixando claro que se chegamos ao grande nível técnico de hoje, o nome “Winsor McCay” foi de extrema importância para isso.

BIBLIOGRAFIA:
*http://www.algosobre.com.br/biografias/winsor-mccay.html
*http://www.popbaloes.com/bios/mccay.htm

*Felipe Oliveira Rodrigues, 18 anos, é estudante do Primeiro Periodo do curso de Cinema e Video da UNA.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Animania nº216 - "Sou Negros e Misses",


As misses são sensíveis, é o que mostra o filme "Como Comer um Elefante", de
Jansen Raviera.

A animadora Rosária apresenta os meninos e meninas do Institututo Marlin Azul, de Vitória que produzem pequenas pérolas como o filme "Mangue e tal".

O negro mostra sua força no filme "Black Soul", de Martini Chartran, que fala sobre pintura de vidro na Dica animada.

O programa vai ao ar segunda (09/05/2011) às 19:30, e com reprise quinta(12/05/2011) às 20:00. pela TV Brasil

terça-feira, 3 de maio de 2011

Winsor McCay



Winsor mccay por Luiza Fernanda Meira *

Para o surgimento da animação, tal qual conhecida hoje, foi preciso um longo processo de experiências, pesquisas e aperfeiçoamentos. A animação possui vários antecessores como, por exemplo, os brinquedos ópticos e os quadrinhos. Os primeiros vestígios da animação surgiram no cinema de atrações, tendo como principal representante o francês George Méliès. Ele utilizava técnicas de trucagens, as chamadas “paradas para substituição”, fazendo substituições de objetos na cena. Um pouco mais tarde surgiu a lightning sketches, que era um tipo de apresentação que misturava o desenho e a performance ao vivo do desenhista, um dos praticantes dessa técnica foi James Stuart Blackton, em seus filmes é comum à aparição da sua mão várias vezes, pois ele ainda não tinha dominado completamente o ato de fotografar frame a frame. Depois desses precursores do “inicinho” da animação surgiu Winsor McCay, considerado o pioneiro do desenho animado.

McCay nasceu em 26 de Setembro de 1867 em Spring Lake no estado de Michigan nos Estados Unidos. Desde criança ele já apresentava características notáveis de que seria um bom desenhista, aos 17 anos foi estudar artes em Chicago. Suas obras eram admiradas por donos de jornais que o convidava para trabalhar com eles. Ele chegou a fazer cartazes para circos, para eventos, cartazes de propagandas, cartoons para jornais, etc. Em 1899 trabalhou para a revista Life fazendo desenhos de humor. A principal característica de McCay era a persistência e a noção de realidade em seus desenhos exuberantes, ele possuia um dom como poucos, como diz Lucena Júnior:

McCay já desfrutava de fama e reconhecimento quando resolveu entrar no cinema de animação. Era um extraordinário desenhista. A sua ousadia foi justamente transpor para a tela seu sofisticado estilo gráfico, há muito estabelecido nas histórias em quadrinhos que ele desenhava, sem comprometer a qualidade de seu complexo design. (LUCENA, 2005,p.54)


A primeira experiência de McCay com animação foi quando ele realizou em 1911 o Little Nemo in Slumberland, era uma adaptação do seu quadrinho mais conhecido, segundo Lucena Júnior (2005), antes dele já haviam sido realizadas várias adaptações de quadrinhos, porém, nenhuma em animação, essas adaptações eram destinadas a filmes de ação ao vivo. McCay possuia grandes influências do francês Emile Cohl que era mestre em metamorfoses e anamorfoses. Seus personagens de Little Nemo in Slumberland tinham formas exageradas, distorcidas, alongadas e deformadas, era umas das primeiras características das animações de McCay.

Em 1912 ele surge com um novo trabalho, um tanto contestador, inovador, provocante e até mesmo cativante, ele desenvolveu seu primeiro personagem com características humanas, que dialoga diretamente com os espectadores, tal personagem era um mosquito de How a Mosquito Operates. Lucena (2005,p.57) afirma que “ o artista decide trabalhar a personalidade de seu personagem como recurso expressivo e de identificação com o público”. Através dessa animação McCay consegue prender a atenção do publico, algo consideravelmente difícil para uma animação da época.

Os desenhos de McCay eram únicos, de uma fineza e estrutura nunca feito antes no cinema, ele possuía domínio de técnicas artísticas avançadas, “assim, encontramos o artista com total controle sobre seus recursos, circunstância ideal para que venha à tona sua qualidade pessoal, sua marca pessoal que particulariza uma forma e a transforma em arte” (LUCENA,2005,p.56)

Em 1914 McCay realiza sua primeira animação grandiosa, considerada um marco da história da animação. Gertie the Dinosaur foi trabalhado detalhadamente, cada traço, cada movimento, cada contorno eram feitos e refeitos centenas e até mesmo milhares de vezes, McCay chegou a refazer o cenário mais de cinco mil vezes, tamanha era a sua preocupação com o perfeito. Segundo Lucena Júnior:

Aqui estavam, definitivamente, estabelecidas as bases do personagem de animação, com o delineamento de sua personalidade por meio de um trabalho de concepção visual integrado a movimentos típicos que lhe dão estilo e criam as condições para sua individualização. (LUCENA ,2005,p.59)


Suas obras foram inspiradoras para vários outros desenhistas e animadores que o sucederam, o sucesso de Gertie fez com que McCay jamais fosse esquecido no mundo da animação, ele é sempre citado quando o assunto se trata de grandes nomes do cinema. Suas obras também foram influências para o maior nome da animação, Disney, que tomou por base as técnicas e características presentes nos personagens de McCay.
Até sua morte McCay nunca havia parado de desenhar, ele chegou a realizar várias outras animações, posteriormente se voltando completamente para os quadrinhos.



BIBLIOGRAFIA

•COSTA, Flávia Cesarino. Primeiro Cinema. In: MASCARELLO, Fernando (org). História do cinema mundial. Campinas, SP: Papirus, 2006.
•LUCENA, Barbosa Júnior. Arte da Animação. Técnica e estética através da história . -2º ed- São Paulo : Editora Senac São Paulo,2005.
•www.algosobre.com.br/biografias/winsor-mccay.html


*Luiza Fernanda Meira, 19 anos, estudante do Primeiro Período do curso Cinema e Vídeo do Centro Universitário UNA