segunda-feira, 20 de setembro de 2010

8 MUMIA - IMPRENSA




Animação não é coisa de criança. Mas a experiência de Sávio Leite, realizador da Mostra Udigrudi Mundial de Animação (Mumia), que começa dia 8 de setembro, aponta que boa parte das pessoas ainda pensa assim. Por isso, ele não desiste de provar o contrário. Tanto é que o evento chega à oitava edição.

Outra premissa: “Ampliar os espaços de imaginação e das possibilidades de um novo dizer, sentir e expressar”, explica Sávio. A Mumia também se propõe a estimular a cultura cinematográfica usando seu espaço para formar espectadores e realizadores.

Este ano, o evento se espalha por BH e Betim até dia 30, em sete salas de cinema, sempre com entrada franca. Serão apresentados 162 filmes de animação vindos de 22 países. A explicação para a presença de tantas produções é simples: mandou, entrou. Não há curadoria.

“Quando comecei a fazer animação, em 2001, fui selecionado em vários festivais internacionais, mas nenhum brasileiro. Resolvi, com uns amigos, criar mostra que não tivesse seleção”, lembra Sávio. Até hoje Mumia é assim.

Ainda que a ausência de curadoria permita a apresentação de filmes de pouca qualidade, o realizador não considera isso motivo de preocupação. “Dá muito trabalho fazer animação. Nesses oito anos, percebi que, geralmente, são obras muito curtas. Se você coloca uma ruim com 10 boas, as pessoas vão se lembrar das boas”, diz Robson.

Entre as atrações, há um pouco de tudo. O paulista Fábio Yamaji chega com Divino, de repente, curta que participou de 70 festivais em vários estados e ganhou 21 prêmios, incluindo o Anima Mundi 2009. Na produção, o paraibano Divino, que aprendeu técnicas do repente com o avô, fala sobre a vida. “O humor aparece nas histórias e no sotaque de Divino, que precisa do desenho para traduzir algumas expressões que só um paraibano entenderia”, conta Fábio.

A vaca que queria ser hambúrguer também estará em cartaz. A criação é de Bill Plympton, considerado um dos gurus da animação dos Estados Unidos. Em entrevistas, o diretor costuma contar que a ideia surgiu quando ele passava pelo estado americano do Oregon e viu vacas pastando – engordavam para se tornar bifes. Por isso, ele inventou a personagem que sonha em ser o hambúrguer perfeito. A animação não tem efeitos sonoros nem diálogos.

Justiça emplaca é um dos representantes brasileiros. “Nesse thriller de ação, um ato violento, apesar de aparentemente inofensivo, provoca reação surpreendente e, talvez, não menos violenta”, define a sinopse de Alexandre Bersot, cineasta de Niterói (RJ). O curta participou de 20 festivais e recebeu seis prêmios desde 2007, incluindo o Aquisição Canal Brasil de melhor animação brasileira no 15º Anima Mundi.

Novo formato

Outra atração é a mostra especial Machinimas. O nome, concebido pela francesa Isabelle Arvers, mistura videogame com cinema e é considerado novo gênero cinematográfico. A técnica se baseia em criar curtas-metragens com ferramentas e ambientes dos games.

O criador de jogos Peter Molyneux inventou o The movies, que simula produtora cinematográfica, com roupas e sets de filmagem. Nele, o desenhista francês Alex Chan, de 27 anos, criou animação que corre o mundo para denunciar os perigos do sistema político francês. Trata-se de um representante da voz das periferias.

Chan apresenta O mundo dos eleitores: em um minuto e quarenta e três segundos, apresenta entrevistas com cidadãos sobre temas como identidade nacional, subúrbios e crianças durante as eleições presidenciais de 2007. As entrevistas foram transformadas em machinima usando o The movies.

Júri

Como ocorre todos anos, ao final da mostra haverá premiação para as melhores obras nacionais e estrangeiras. Até 2009, quem escolhia era o júri popular. Este ano, a seleção será feita por seis profissionais. Os jurados das animações nacionais são Maurício Gino, Quiá Rodrigues e Danilo Pena. No caso dos filmes estrangeiros, o grupo é composto por Fábio Yamaji, Diego Akel e Marcelo Marão. O melhor curta de cada categoria será agraciado com um troféu.

Professor de animação da UFMG, Maurício Gino desenvolve projeto de extensão universitária na instituição, responsável pela criação de filmes inspirados em dúvidas de alunos de escolas públicas de Minas Gerais. Há curtas com títulos como Por que vomitamos? e Por que não nascemos sabendo?.

O professor analisa a produção brasileira: “Está melhorando bastante. Vivemos o momento em que os animadores estão se organizando mais. Na UFMG, a antiga habilitação no gênero está se extinguindo e dando origem a novo curso, com vestibular próprio, chamado cinema de animação e artes visuais”.

Sobre a Mumia, Gino dá uma dica. “Deve aparecer muita coisa experimental, característica bem forte no Brasil, mas não sei o que vão oferecer. O legal é que, por não haver seleção, a gente vê filmes de iniciantes ao lado daqueles de gente que já tem uma boa caminhada”.

Yamaji, criador do Divino, integra o júri internacional e também dá dicas: “O Canadá sempre foi muito forte, principalmente pelo National Film Board, órgão governamental que estimula esse tipo de produção. Os franceses têm escolas de animação muito boas, os filmes de estudantes são bem interessantes, com várias técnicas. O Leste europeu tem tradição fortíssima de animação para adultos, com temas políticos e surrealistas”.

Além da estreia no cinema do auditório da Prefeitura de Betim, as exibições ocorrerão no Cine Humberto Mauro, Centro de Cultura Belo Horizonte, Casa do Baile, Cine Clube Joaquim Pedro de Andrade, Cine Clube Sabotage e Cine Clube Uma Tela no Meu Bairro.

MUMIA
Entrada franca. Programação completa: http://mostramumia.blogspot.com. Informações:
31) 3277-4699

Essa mat'eria pode ser acessada em: http://www.divirta-se.uai.com.br/html/sessao_8/2010/09/08/ficha_cinema/id_sessao=8&id_noticia=28320/ficha_cinema.shtml

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