quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Cartunistas propõem criação de Museu Henfil em Ribeirão das Neves

Outra dica do meu amigo Marko Adjaric

A Comissão de Cultura recebeu, em sua reunião nesta quinta-feira (12/11/09), representantes de diversos segmentos das artes visuais mineiras, como cinema de animação e histórias em quadrinhos, em busca de contribuições para a formulação de políticas públicas que melhorem o acesso aos bens culturais disponíveis e ajudem a preservar a cultura mineira. Este foi o objetivo do requerimento apresentado pela deputada Gláucia Brandão (PPS), presidente da comissão.

A parlamentar acatou a sugestão de criação do Museu Henfil em Ribeirão das Neves, cidade que representa. A proposta partiu do cartunista Eduardo dos Reis Evangelista, mais conhecido como Duke, que publica charges há dez anos nos jornais O Tempo e Super. Duke lembrou que o grande humorista Henrique Souza Filho, o Henfil, nasceu naquela cidade. Informou também que o Governo de São Paulo lançou edital para quadrinhos e desenhos, com o objetivo de selecionar obras para a grade do MEC. Para ele, o poder de comunicação dos quadrinhos também deveria gerar incentivos da parte do governo mineiro.

Rafael Guimarães, coordenador político da Associação Brasileira de Cinema de Animação, disse que a ABCA atua junto ao Governo Federal em busca de incentivos e de reconhecimento para o cinema de animação. "Em Minas temos profissionais de alto nível, com trabalhos premiados, e não podemos perdê-los para Rio e São Paulo", alertou. "Até nos Estados Unidos, onde os quadrinhos dão lucros bilionários, há incentivos governamentais para os artistas cujo trabalho não é voltado para o grande público", justificou.

Lunardi Teles, cartunista e caricaturista mais conhecido como Lute, disse que Minas até hoje não conseguiu criar um espaço à altura dos grandes nomes que o Estado revelou, como Ziraldo, Nani e Nilson. Lute organizou a exposição BH Humor, em setembro, com recordes de público na Casa do Baile. Ele propôs trazer essa exposição para a Assembleia de Minas. A deputada Gláucia Brandão sugeriu que a exposição seja itinerante e que possa ser vista em todas as regiões do Estado.

Divulgação é importante, mas não remunera o artista

Outro evento que provou o grande interesse do público pelos quadrinhos foi o Festival Internacional de Quadrinhos, que atraiu 70 mil pessoas ao Palácio das Artes, segundo informou Cristiano Seixas, empresário da Casa dos Quadrinhos e do Estúdio Big Jack. Seixas fez uma rápida exposição sobre a história do desenho, desde as pinturas rupestres nas cavernas até os desenhos infantis nas escolas. Disse ainda que os quadrinhos têm mais de 100 anos de história, e devem sua popularidade aos jornais.

O empresário disse que os produtos de animação vêm logo abaixo do cinema em faturamento no mercado internacional, e custam muito menos. No entanto, o mercado não é sustentável. A divulgação não remunera o artista, que fica dependendo de patrocínio ou mecenato. Outro aspecto abordado por ele foi a dificuldade para se criar uma associação ou sindicato. "O artista geralmente é introspectivo, passa os dias trancado em seu quarto com a prancheta. É praticamente impossível mobilizá-lo para reivindicações coletivas. O governo ajudaria criando um piso salarial para a categoria", sugeriu.

Lacarmélio vive da Revista Celton

O melhor exemplo de individualismo dos quadrinhos em Minas estava presente na reunião: Lacarmélio Alfêo de Araújo, que há 28 anos roteiriza, desenha, edita, imprime e vende nos bares e nas ruas de Belo Horizonte a revista Celton, personagem criado por ele. Os desenhos são ambientados na capital, com temas populares, como o Capeta do Vilarinho e a Loura do Bonfim. Lacarmélio lembra que inicialmente o personagem tinha superpoderes, por causa da influência que recebeu da Marvel e DC Comics na infância.

Em quase três décadas, ele produziu 70 números da revista, e desde 1998 vive exclusivamente desse trabalho. O último número, "O Combate entre a Sogra e o Capeta" já vendeu 40 mil exemplares, para um público formado em sua maioria por motoristas de táxi e ônibus, estudantes e donas-de-casa. Ele conta com a ajuda dos fiscais da BHTrans, que lhe informam onde há engarrafamentos de trânsito para que ele possa abordar os motoristas. "Nem todo mundo elogia. Às vezes algumas senhoras gritam ofensas, e já tive evangélicos esfregando a Bíblia no meu cartaz, sobre a palavra capeta", diverte-se o autor.

Lacarmélio criticou os artistas que vivem de incentivos e prêmios de governos. "A gente tem que ser responsável pelo que faz e batalhar para viver daquilo. Tenho 2º grau incompleto, mas já vendi mais de um milhão de revistas em Belo Horizonte. O objetivo do meu trabalho é despertar bons pensamentos, encantar o leitor e lhe dar uma visão de progresso", concluiu.

Presenças - Deputada Gláucia Brandão (PPS), presidente da comissão.








Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - www.almg.gov.br

Um comentário:

Vampirela disse...

Tem um erro nessa materia, o Sr. Rafael Guimarães, nao é representante politico da ABCA, mas sim da ABCA-MG, uma regional mineira da Associação Brasileira de Cinema de Animaçåo.