terça-feira, 10 de novembro de 2009

7 MUMIA - CRÍTICAS








Começamos a parceria com alunos e jovens criticos que participaram da setima ediçao escrevendo pequenas críticas sobre os curtas exibidos. Nessa primeira leva as criticas do jovem realizador de Belo Horizonte, Gabriel Martins que escreveu sobre o primeiro programa de curtas internacionias.

O CONTO DO PEQUENO BONECO Johannes Nyholm (19´ Suécia)

Esta animação, feita completamente com massinha, conta a bizarra história de um Boneco que tem como invasor de sua casa uma espécie de mini ser feito com recortes que fica atrapalhando sua vida – e seu encontro com uma “adorável” garota. Com timing cômico impressionante, utilizando bastante do silêncio e do constrangimento, O conto do pequeno boneco é uma animação que segue bem a idéia underground da mostra. Utilizando da sua própria forma desengonçada de animar, algo inerente ao trabalho com massinha (que lembra o trabalho em Mercúrio, de Sávio Leite), a animação constrói o seu humor, sendo extremamente bem sucedida na relação que propõe com seus personagens.

ESTRUTURAS Jasper Kuipers (4´46” Holanda)

Estruturas propõe um estudo sobre a maneira como os elementos se fundem com a natureza e, a partir daí, se modificam. Interessante tecnicamente, não oferece muito mais do que a simples idéia de um exercício visual de continuidade de formas, mutação e fusão, algo coerente com seu tema. Uma bela animação que, como a natureza, está sempre em transformação.

A CHEGADA DO URSO Janis Cimermanis - 16´- Letônia

Realizado através de stop motion com bonecos aparentemente de pano, A chegada do urso começa com uma entrada bastante atenciosa ao seu personagem mas se perde um pouco no restante da narrativa, tornando-se uma fábula que mesmo bonita e bem resolvida, poderia certamente ter minutos a menos. De toda forma, vale ressaltar o quanto os personagens, todos daquela vila, são bastante carismáticos e bem construídos.

JUBILADOS Juan Sáenz Valiente – 3´- Argentina

A escolha de som é crucial para qualquer animação. Como ela é cem por cento construída, não existindo um som ambiente do momento (até porque este “momento” inexiste), é a atmosfera criada pelo som que cria a ambientação e todo o clima do filme. Em Jubilados uma má escolha de trilha (“Frozen”, de Madonna, que mesmo sendo uma boa música é bastante invasiva) torna-se um problema. Além disso, a animação oferece pouca substância para além da simples experimentação de movimentos e uma sub-narrativa que está longe de ser interessante. Vazio de um lado, excessivo de outro, Jubilados acaba sendo muito pouco bem sucedido.

O FEITIÇO DO CARVÃO Sun Xun – 8´- China

Bastante experimental, no sentido em que navega através de diversas texturas e formas para se construir, O feitiço do carvão tem um clima bastante interessante. Se esta ali um discurso acerca do progresso, talvez até o problematizando, também está uma vontade enorme de testar potencialidade da animação, do simbolismo, da metáfora. Ainda que se perca talvez por demais no seu discurso, “O feitiço do carvão” traz em si um interessante estudo de reconstrução histórica no abstrato.

HOT DOG Bill Plympton – 5´50”

Hot Dog é mais um animação da série de Bill Plympton, animador bastante conhecido mundialmente. Através da história deste simpático cão que quer ser bombeiro, somos sugados para um pequeno universo de total divertimento com as propriedades da animação. Existe o exagero, a elasticidade e a tamanha personalidade do protagonista que nos envolve inteiramente nas suas tentativas. Destaque para a forma como através do desenho quase de rascunhos Plympton consegue, com poucos elementos, dar toda a informação necessária.

1-2-3 Escape Vittorio Farfan – 3´- Chile

Esta animação é, sem dúvida alguma, uma das coisas mais bizarras que já vi. Some desenhos de PAINT a fotografias muito provavelmente retiradas do Google Imagens e pronto, temos esta animação bastante radical sobre, basicamente, ficar bêbado. Sua agressividade do tosco é válida: um sonho embriagado e patético é ilustrado até a sua total decadência. A total falta de compromisso com um padrão de belo e exato acaba refletindo uma expressão aparentemente involuntária de um processo – a própria construção da animação. Que fique, portanto, esse descompromisso e aproximação símbolos de um divertimento. Muitas vezes, somente isto já é o bastante.

GABRIEL MARTINS estidante de cinema e video, integra a equipe da revista de críticas Filmes Polvo (www.filmespolvo.com.br. Dirigiu FILME DE SÁBADO, selecionado em inueros festivais de cinema e diretor da FILMES DE PLASTICO (www.filmesdeplastico.com)

Um comentário:

Thiago Herbert disse...

Muito interessante!