sábado, 7 de agosto de 2010

MEU MALVADO FAVORITO



do UOL Cinema

SÃO PAULO (Reuters) - Primeira animação em 3D do estúdio Universal, "Meu Malvado Favorito" bota um pezinho no território que a Pixar tem dominado sem concorrência de peso, em termos de história, inspiração e personagens.

Assim, oferece um filme de qualidade, divertido e visualmente atraente, diminuindo, de certo modo, o prejuízo frente à dianteira indiscutível do estúdio liderado por John Lasseter, e que produziu sucessos mundiais como "Toy Story", "Vida de Inseto", "Monstros S.A.", "Carros" e "Procurando Nemo".

"Meu Malvado Favorito" estreia em circuito nacional, exclusivamente em cópias dubladas, nas versões 3D e também 2D. Aliás, é uma pena que não esteja sendo lançada nenhuma cópia legendada, não permitindo ter acesso às vozes originais de Steve Carell (como Gru) e Julie Andrews (sua mãe).

Partindo de uma ideia do produtor executivo Sergio Pablos, o roteiro de Cinco Paul e Ken Daurio desenvolve-se em torno do autointitulado maior vilão do mundo, que atende pelo nome de Gru (na versão brasileira, com voz do comediante Leandro Hassum).

Tronco robusto, pernas finas, um sotaque indecifrável, olheiras, careca e nariz pontudo, Gru é um especialista em maldades indiscutíveis, embora miúdas -como estourar um balão na cara de um garotinho e congelar com uma arma especial todas as pessoas à sua frente numa fila de lanchonete, apenas para pegar seu lanche primeiro.

São malvadezas meio infantis e que, por isso, inspiram uma certa simpatia, o que deve acontecer especialmente junto ao público infantil que é o alvo do desenho. Ao longo da história, nota-se o quanto Gru tem dentro de si um coração de criança que não encontrou espaço para crescer, diante de uma mãe excessivamente crítica e dominadora.

Tal como no mundo corporativo da vida real, nessa competição de "maior vilão do mundo", ele encontra pela frente alguém mais jovem - o nerd Vetor (Marcius Melhem) que acaba de roubar nada menos do que uma das pirâmides do Egito, colocando em seu lugar uma imitação inflável que tapeou turistas e autoridades.

Para contrabalançar a façanha do garoto, Gru decide que vai roubar a Lua, contando com a assessoria de seu cientista maluco particular, o doutor Nefário, e o incontável exército de seres amarelinhos que o assistem, os fiéis mas atrapalhados minions.

Essa história de roubar a Lua, Freud explica. Quando era pequeno e assistia à chegada dos astronautas ao satélite pela TV (ao som de Garota de Ipanema, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes), Gru queria de todo modo chegar lá também.

Muitos anos depois, o sonho ressurge. Mas agora ele precisa de uma ferramenta, uma arma que dispare raios encolhedores, para poder transportar a Lua.

Um momento hilariante, inspirado na vida real, é quando ele procura financiamento para desenvolver a arma junto ao Banco do Mal - onde uma placa informa que se tratava anteriormente do Lehman Brothers, o notório banco de investimentos nova-iorquino que pediu concordata em 2008, no meio da crise econômica mundial.

Essa é uma das poucas piadas destinadas aos adultos, pais das crianças que as acompanharem no filme. A história centra-se bem mais nas situações em torno do envolvimento de Gru com um trio de órfãs, Margo, Edith e Agnes.

As meninas vivem tristes num orfanato, sob a direção da despótica senhorita Hattie, e tentando vender biscoitos de porta em porta.

Quando descobre que o rival Vetor é louco pelos biscoitos, Gru decide adotar as meninas e usá-las para entrar na bem-guardada fortaleza de Vetor - que tem uma arma de raios de encolher prontinha para uso, o que resolve o problema de Gru não ter conseguido seu financiamento no Banco do Mal (mais adiante, na história, se saberá porquê).

Como é de se esperar, o tiro sai pela culatra. As meninas são mais espertas e sedutoras do que Gru esperava e a situação evolui em outras direções. Os efeitos especiais da empresa francesa Mac Guffe Ligne também funcionam direitinho e não faltam nem humor, nem ternura.

(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)

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