quinta-feira, 7 de agosto de 2008

SALVE LYNCH





David Lynch em Belo Horizonte






E não é que o grande diretor americano David Lynch esteve em Belo Horizonte nos dias 05 e 06 de agosto para dar uma conferência na UFMG sobre "consciência a processo criativo" dentro do projeto "Sentimentos do Mundo". Bola cheia da maior Universidade de Minas Gerais. Nunca a reitora da UFMG recebeu tamanha multidão de pessoas. Mais de 400 pessoas se acotovelaram dentro do auditório e mais de 1000 pessoas se aglomeraram no primeiro e segundo andar do edifício. Ele veio como um embaixador da paz e a cidade de Belo Horizonte o recebeu a altura. Foi um evento e tanto. Muitas risadas e respostas certeiras do cineasta fizeram do evento algo memorável.

Um dia antes, o Sr. Lynch esteve no BH Shopping lançando seu livro: "Em águas profundas – criatividade e meditação" onde descreve a experiência de “mergulhar fundo” e “pescar idéias” como se pescam peixes, e depois prepará-las, sobretudo para o cinema. Coisas aprendidas por ele depois de três décadas de meditação transcendental. Pouco mais de 100 pessoas receberam seu precioso autógrafo no livro. Muitos jornalistas, críticos, cineastas e admiradores presentes, dentre eles o realizador mineiro Fábio Carvalho filmando: "Sai de mim, Friagem - David Linch no Shopping Center". (Fotos de Isabel Lacerda)

Lynch começou dirigindo curtas de animação: Six Figures Getting Sick de 1966 e The Alphabeth de 1968.

Em 1971 começou a trabalhar na produção de seu primeiro longa-metragem, Eraserhead
(1977). E não foi tarefa fácil, tomando cinco anos de sua vida para a sua conclusão, além do final de seu casamento. Eraserhead foi considerado difícil. Na época de seu lançamento poucas pessoas assistiram o filme que já misturava o tão famoso mundo bizarro de Lynch e arte em stop-motion.

Anos depois, dirigiu seu primeiro grande sucesso, O Homem Elefante (1980) (The Elephant Man). Produzido por Mel Brooks(que gostou do que viu em Eraserhead), o longa foi muito bem recebido pela crítica e recebeu oito indicações ao Oscar, incluindo melhor diretor.

Em 1984 Lynch dirigiria a ficção científica Duna, uma superprodução sob a tutela de Dino De Laurentiis. Não editou o filme e se sentiu extremamente triste porque se sentiu vendido, como “morrer duas vezes” . O resultado foi um retumbante fracasso, fazendo com que o cineasta nunca mais se envolvesse em projetos grandiosos.

A sua volta por cima seria dada em 1986 com O Veludo Azul (Blue Velvet),thriller com toques de fantasia que deu a Lynch nova indicação ao Oscar da categoria. Além de uma parceria que viria a ser constante com o compositor Angelo Badalamenti.

Em 1990 ganhou a Palma de Ouro do Festival de Cannes com o carnavalesco Coração Selvagem (Wild at Heart), estrelado por Laura Dern e Nicolas Cage, no qual ele definiu como "O Mágico de Oz sem o cachorro".

Ainda no mesmo ano Lynch faria sua estréia na televisão como criador de uma série que marcou época, Twin Peaks. Tendo como astro o mesmo ator principal de Duna e Veludo Azul, Kyle MacLachlan, a trama gira sobre a morte de uma jovem moradora da cidade que dá título à série. Lynch dirigiu apenas o episódio piloto. Com o sucesso, em 1992 uma versão para o cinema foi lançada, onde mostrava mais detalhes sobre a intrincada trama. Para desespero do diretor, o filme foi um fracasso, arrecadando míseros quatro milhões de dólares. O mistério de Laura Palmer foi o único sucesso na tv de Lynch, mesmo tendo participado da criação de outros seriados.

Um dos fracassos seria Cidade de Sonhos (2001) (Mulholland Drive), planejado como série televisiva, mas adaptado para o cinema quando os produtores não gostaram do material apresentado.

Em 1997, A Estrada Perdida (Lost Highway) chegou aos cinemas. É outro thriller com toques de fantástico e considerado pelos fãs do cineasta como o seu trabalho mais insano. Talvez por causa disso, realiza A História Real (1999) (The Straight Story) logo depois. O filme é diferente de tudo que ele já havia feito, sem quase nenhum elemento bizarro, a não ser pelo fato do protagonista atravessar o país a bordo de um pequeno trator para visitar o irmão. Lynch em sua "versão calma".

Já em A Cidade dos Sonhos voltaria a sua característica principal, com um filme recheado de personagens (muitos deslocados por terem sido desenvolvidos especialmente para a cancelada série de tv) e situações bizarríssimas. Foi o filme que revelou a atriz Naomi Watts e deu a Lynch o prêmio de melhor diretor do Festival de Cannes.

INLAND EMPIRE (no Brasil, Império dos Sonhos), seu último longa, é um filme plástico. O filme é como se fosse uma interseção dele com outros filmes e um programa televisivo (Rabbits), esse último, o ápice de tudo: onde tudo se espelha, e provavelmente tende a chegar, igual a um paraíso desorientado, o qual Susan/Grace (personagens centrais) conquista e o contempla- a vencedora, guiada como o filme bruto foi guiado, pela intuição ou magia, numa linda explosão de vingança e libertação.

David Lynch sempre está envolvido em projetos. Cuida atualmente como produtor do novo filme do mitológico cineasta Chileno Alejandro Jodorowski, "King Shot. David Lynch Nunca parou de produzir curtas e quase sempre cria filmes em animação. A internet também foi um caminho que adotou para a divulgar o que cria tendo em seu site pessoal um grande acervo de trabalhos.

www.davidlynch.com
WWW.DavidLynchFoundation.org

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