por LÚCIA VALENTIM RODRIGUES de SÃO PAULO
de Folha de Sao Paulo - 02/12/11
Cabelos compridos, chuva de hambúrgueres e um pelotão de duendes que mais parecem agentes secretos.
A lista de desenhos que passaram pelas mãos do brasileiro Claudio de Oliveira cresce a cada ano.
Aos 33 anos e dividido entre a Disney e a Sony, ele participa de equipes de animadores que são linhas de montagem para superproduções.
"É bom porque você se especializa e fica realmente bom naquilo que faz. Agora só faço os movimentos dos personagens. No Brasil, eu teria de ser um generalista para trabalhar", disse ele à Folha, de Los Angeles.
Sua mais recente empreitada estreia hoje: "Operação Presente" traz um Papai Noel idoso que deixa uma equipe de duendes treinados fazerem a entrega dos presentes na noite de Natal para que ele possa se livrar dessa tarefa anual.
Dá errado quando, por uma falha operacional, uma garotinha fica sem presente. Apesar de "dentro da margem de erro", Arthur, um dos filhos do bom velhinho, não consegue imaginá-la ver o dia amanhecer pensando que foi má e, com a ajuda do Vovô Noel, sai para encontrá-la.
Oliveira começou a trabalhar nos Estados Unidos como estagiário, ou seja, trabalhando de graça na Sony.
Com um teste para um personagem de "Watchmen" (2009), conseguiu o emprego e a chance de fazer "Tá Chovendo Hambúrguer" (2009). Depois entrou em "Alice no País das Maravilhas" (2010) e "Enrolados" (2010).
Cada animador recebe um conjunto de cenas para trabalhar. "A gente tem de animar todos os personagens. Isso faz com que as coisas fiquem mais dinâmicas e você se conecte com o filme todo."
PISCOU, PERDEU
Ele conta que, por semana, cada animador consegue fazer três segundos de longa. "Minha mulher me pediu para avisá-la quando fosse passar alguma cena que eu fiz. Mas às vezes é tão rápido que, se ela piscar, perde."
"Operação Presente" tem 97 minutos e levou quatro anos para ser produzido -outro ano foi gasto na concepção do projeto, coassinado pela Aardman (estúdio de "Wallace & Gromit").
"Eles são os responsáveis pelo tom do humor, que é mais britânico, e pela ideia da história. O resto ficou por conta da Sony", explica.
"As cenas em que aparece toda a população dos duendes foi realmente um desafio e um obstáculo para a animação. Mas com uns 15 modelos de elfos dá para povoar o mundo inteiro", ri.
Agora está em projeto da Disney baseado num personagem de videogame. "Não posso contar nada ainda porque o estúdio não liberou. Mas, se tudo caminhar bem, deve estrear no final de 2012."
Nenhum comentário:
Postar um comentário