quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Chuck Jones



Chuck Jones por Vinícius Calijorne Diniz*

“Eu não acho que tem que ser realista. Só tem que ser crível.”
“I don’t think it has to be realistic. It just has to be believable.”
Chuck Jones, sobre a animação. (1)

Chuck Jones (1912 – 2002) foi um grande nome da animação, criando, desenhando, animando, roteirizando e dirigindo animações. Trabalhou, em grande parte de sua vida, nos estúdios de animação da Warner, trabalhando junto de Tex Avery na criação e desenvolvimento dos Looney Tunes.

Chuck Jones, quando começou a trabalhar na Warner, foi trabalhar na equipe de animação liderada por Tex Avery. Tal equipe é a responsável pela criação dos Looney Tunes. Jones, no entanto, tem sob seu nome a direção de animações com personagens animados importantíssimos como o Pernalonga, o Patolino, a dupla Coiote e Papa-Léguas, o marciano Marvin, o gambá Pepe Le Pew, entre outros. Dentre os personagens citados, alguns são criação do próprio Jones.

Em entrevistas, Chuck Jones disse, por vezes, que no processo de criação de personagens, depois de se familiarizar-se com o personagem sendo criado, são adicionados traços de personalidade do criador que se adaptem bem àquele personagem. Assim, ele diz que, depois de um tempo, ele não tinha mais que pensar como, por exemplo, o Pernalonga se comportaria em determinada situação. O que ele fazia era deixar seu Pernalonga interior vir à tona e pensar. “Eu, agora, conheço o Pernalonga tão bem que não tenho mais que pensar como ele agirá em cada situação. Eu deixo minha parte Pernalonga vir à tona, sabendo, infelizmente, que eu nunca alcançarei sua incrível autoconfiança. ” (2)......“I have come to know Bugs so well that I no longer have to think about what he is doing in any situation. I let the part of me that is Bugs come to surface, knowing, with regret, that I can never match his marvelous confidence.”

Chuck Jones acreditava na grande força da animação, dizendo que essa não era apenas uma ilusão criada da vida, mas a própria vida. (3) Mesmo assim, sabia que era a vida representada. E para ele, a representação da vida, na animação, não precisa ser realista e fiel à realidade, de fato, mas apenas crível. É possível saber que uma de suas criações, o Coiote e o Papa Léguas, por exemplo, não é real. No entanto, dentro da realidade criada na animação, aquelas situações se tornam críveis. ....(3) “Animation isn’t the illusion of life; it is life!”

Sobre trabalhar, muitas vezes, com animais animados, Jones disse que essa escolha é decorrente do fato dele perceber mais individualidade e personalidade em animais do que em humanos. “Quanto mais velho eu fico, mais individualidade eu encontro em animais e menos encontro em humanos. Experiências de quando era mais jovem me convenceram de que animais podem ter e tem personalidades bem diferentes. ” (4) Trabalhando com personalidades diferentes e bem marcadas em seus personagens, Jones sempre caprichou nas expressões de seus personagens, dando ainda mais individualidade e expressão a eles. Dessa forma, era discípulo de Griffith, que dizia que closes, planos fechados nas expressões dos personagens, contribuíam para o desenvolvimento da ação e da dramaticidade da trama. (4)....“The older I get, the more individuality I find in animals and the less I find in humans. Early experiences convinced me that animals can and do have quite distinct personalities.”

Com os personagens do Looney Tunes, Chuck Jones fez o filme “What’s Opera, Doc?”, que foi a primeira animação a figurar no National Film Registry, um órgão norte americano que registra filmes de importância. Até alguns anos atrás, apenas cem animações encontravam-se registradas no mesmo órgão. “What’s Opera, Doc?” entrou nesse registro por ser considerado um dos filmes mais representativos da cultura, estética e história norte-americana contemporânea.

Seu trabalho é muito importante e rendeu três indicações ao OSCAR, todas na categoria de curtas de animação. Dessas três, ganhou uma. Ganhou ainda um OSCAR honorário, em 1996, pela sua contribuição para a animação clássica e personagens de animação. Foi anunciado, nessa ocasião, como um diretor de animação que vinha proporcionando diversão e prazer ao espectadores por mais de meio século com sua animação. Já ganhou diversos outros prêmios, inclusive dois pela sua contribuição na área do cinema de animação.

Vale, ainda, ressaltar sua contribuição para a cultura norte-americana e para a cultura pop:

Um dos maiores especiais de natal dos EUA, mas que também se expande para fora de terras estadunidenses, é “Dr. Seuss’ How the Grinch Stole Christmas”, baseado na obra do Dr. Seuss, sobre o monstro Grinch, que rouba a celebração de natal. A primeira versão dessa animação, que foi ao ar em 1966 e adaptada incontáveis vezes desde então, foi elogiadíssima e é até hoje um dos programas mais queridos de Natal nos EUA.

Sua contribuição para a cultura pop é, também, muito importante, afinal criou personagens que até hoje são muito populares no mundo todo.

Para finalizar, deixaremos registradas algumas citações interessantes de Chuck Jones, sobre a animação, os personagens e a comédia:

“À medida que você vai se familiarizando com um personagem que você está criando, você vai adicionando traços de sua personalidade que são pertinentes ao personagem. ”
“As you become acquainted with a character you are creating, you add parts of yourself that are pertinent to that character.”


“As regras são simples. Leve o seu trabalho a sério, mas nunca se leve muito a sério. Descarregue todo o seu amor e habilidades no seu trabalho, que assim vai dar certo. ”“The rules are simple. Take your work, but never yourself, seriously. Pour in the love and whatever skill you have, and it will come out.”


“A primeira vez que você ouvir uma platéia de desconhecidos começar a rir de um filme que você dirigir, você vai descobrir do que qual é o real significado da palavra satisfação. ” Once you have heard a strange audience burst into laughter at a film you directed, you realize what the word joy is all about.” Chuck Jones.

BIBLIOGRAFIA

BACON, Pablo. The Greatest Of All Time – Chuck Jones. Disponível em . Acesso em 6 out. 2010.
Chuck Jones Official Website. Chuck Jones. Disponível em . Acesso em 6 out. 2010.
IMDb. Chuck Jones. Disponível em . Acesso em 8 out. 2010.
Nonstick. Chuck Jones. Disponível em . Acesso em 8 out. 2010.
SCHAFFER, Bill. Senses of Cinema – Chuck Jones. Disponível em . Acesso em 6 out. 2010.
The Cartoon Factory. Chuck Jones Biography. Disponível em . Acesso em 6 out. 2010.
Wikipedia. Chuck Jones. Disponível em . Acesso em 8 out. 2010.

* Vinícius Calijorne Diniz, 18 anos, estudante do segundo periodo do curso de cinema e video da UNA

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