por Francisco Barbosa Pacheco de Souza*
O cinema de animação com
suas diferentes técnicas materializam a imaginação e tem a função de “dar alma
ou energia vital” (Dicionário Aurélio, 2009) a realidades fantásticas que
caracterizam o cinema. No Brasil, a iniciativa de tornar possível um cinema de
animação nacional, tendo em vista a produção industrial do cinema como um todo
pelo mundo, gerou a formação de vários nomes representativos que impulsionaram
e ainda impulsionam a atividade dos animadores no país. Um deles é Marcos
Magalhães que possui domínio das várias técnicas da animação para a produção de
seus filmes.
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MARCOS MAGALHÃES: TRAJETÓRIA COMO ANIMADOR
Nascido
no Rio de Janeiro em 1958, Marcos Magalhães formou-se em Arquitetura pela
Universidade Federal de Rio de Janeiro e fez mestrado em Design na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Na
década de 1970, produziu alguns filmes em super-8. Em 1982, recebeu o prêmio
especial do júri no Festival de Cannes com o curta-metragem “Meow!”. E em 1983
quando estagiou na National Film Board of
Canada, fez o curta “Animando” que também recebeu prêmios no Brasil.
De
volta ao Brasil, ainda na década de 1980, Marcos Magalhães participou da
criação do Núcleo de Cinema de Animação do Centro Técnico Audiovisual (CTAv)
durante um acordo do Brasil com o Canadá que durou dois anos, mas que resultou
na criação dos núcleos de animação no Ceará, no Rio Grande do Sul e em Minas
Gerais.
No início da década de 1990,
com César Coelho, Aida Queiroz e Léa
Zagury, ele iniciou a realização do Festival Internacional de Aimação, Anima
Mundi. Esse festival trouxe uma nova e otimista visão para os animadores do
país. Além disso, tornou-se uma referência nacional e internacional
impulsionando e divulgado jovens animadores.
Atualmente,
Marcos Magalhães continua na direção do festival Anima Mundi, é professor de
cinema de animação no curso de Design e coordena a pós-graduação em animação,
ambos na PUC-Rio.
Sua filmografia contém “A
semente” (1974), “A pílula” (1975), “Cinco sentidos” (1976), “Meow!” (1982),
“Animando” (1983), “Estrela de oito pontas” (1996), “Pai Francisco entrou na
roda” (1997), “Dois” (1999) e “Homem estátua” (2007), entre outros.
3 “MEOW!”: A CRÍTICA AO SISTEMA ATRVÉS DA
TÉCNICA DA ANIMAÇÃO
Tema recorrente em discussões, o
consumismo na década de 1970 e 1980 é criticado pelos intelectuais e ativistas tendo
como base a avassaladora publicidade que as mídias divulgavam às massas durante
o processo de evolução das tecnologias midiáticas. Diz-se que, a partir daí, o
consumidor passou a absorver as ideologias impregnadas nas propagandas
alterando, assim, seu comportamento diante das ofertas de bens de consumo.
Junte-se a isso, o consumismo desenfreado e perda de identidade (IANNI, 1997).
Nesse contexto, surge o
curta-metragem “Meow!” que evoca a opressão da publicidade sobre os valores da
pessoa. Isso é representado através do gato faminto, em cima de um muro, que é
forçado a deixar de beber leite, que lhe é comum, para passar a tomar um
refrigerante de determinada marca. O gato está em uma cidade marcada pela
propaganda em outdoors e letreiros
luminosos.
Para contar isso, Marcos Magalhães
usou o stop-motion e filmou todo o
curta em um tipo de plano-sequência na bitola 35mm. O curta tem duração de oito
minutos acompanhados por trilha original.
“Meow!”
recebeu os prêmios de Melhor filme na categoria Júri popular e melhor roteiro no
Festival de Brasília em 1981, Terceiro lugar em Animação no Festival de Havana
em 1982 e Prêmio Especial do Júri no Festival Internacional de Cannes em 1982.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O
domínio do capitalismo (e da globalização) torna o curta-metragem de Marcos
Magalhães atual para reflexões a esse respeito mesmo com trinta anos desde seu
lançamento. O que indica que os animadores não estão distanciados das
discussões sobre as características de sua realidade e que podem influenciar na
observação e apreensão dos conceitos e valores da sociedade.
5 REFERÊNCIAS
IANNI, Octavio.
A política mudou de lugar. São Paulo em
perspectiva, São Paulo, v. 3, n. 11, p. 3-7,
1997, Disponível em: https://www.seade.gov.br/produtos/spp/v11n03/v11n03_01.pdf.
Acesso em 27 mar. 2012.
MINIAURÉLIO ELETRÔNICO VERSÃO 5.12.
Ed 7. Editora Positivo Ltda, 2009
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FONTES
http://www.eba.ufmg.br/midiaarte/quadroaquadro/>. Acesso em 24 mar. 2012.
http://oglobo.globo.com/blogs/animacao/posts/2012/03/15/meow-de-marcos-magalhaes-comemorando-30-anos-de-premiacao-436126.asp> Acesso em 24 mar. 2012.
http://portalmultirio.rio.rj.gov.br/portal/_download/gira37.pdf>.
Acesso em 24 mar. 2012.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Marcos_Magalh%C3%A3es>.
Acesso em 24 mar. 2012.
http://www.filmeb.com.br/quemequem/html/QEQ_profissional.php?get_cd_profissional=PE569>.
Acesso em 24 mar. 2012.
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