Por Eduardo Rafael Rodrigues de Carvalho *
Para Claudia Farias (2004)1 o cinema de animação compreende o desenho animado, a animação de bonecos, a animação de fotos e a recente animação computadorizada.
Sua origem, segundo Lucena Júnior (2005), remonta as antigas experiências com sombras chinesas e aos aperfeiçoamentos introduzidos na lanterna mágica (2) durante os séculos XVII e XVIII. Mas foi só no século XIX que as teorias puderam ser levadas à prática (devido ao grande avanço da fotografia). Na década de 1920, Oliee (2010)
3) afirma que Walt Disney compreendeu o grande partido que poderia tirar de uma arte nova e em crescente popularidade. As bases de uma "fábrica de sonhos" para as crianças e adultos foram lançadas em 1926, quando Mickey - o camundongo antropomorfo - fez sua estreia nas telas.
Para o NUCAR (2009)(4), a ideia de movimento, ou seja, a animação, é dada pela reprodução rápida (24 quadros por segundo) das imagens estáticas, em posições ligeiramente diferentes uma das outras. Assim que esses quadros são conectados, o filme é assistido à velocidade de dezesseis ou mais reproduções por segundo, o que dá origem a uma sensação de movimento ininterrupto. Realizado da forma mais primitiva, este procedimento se transforma em algo monótono e mecânico, daí a importância da introdução da digitalização, que incrementa a duração da produção.
Uma pessoa que soube interpretar tudo o que fora descrito acima é o brasileiro Carlos Saldanha. Natural do Rio de Janeiro, Saldanha nasceu no dia 20 de julho de 1968. Aos 22 anos partiu para os Estados Unidos e decidiu cursar mestrado em Artes especializando-se em animação digital na School of Visual Arts, em Nova Iorque. Alguns anos depois, Saldanha revelava seu enorme talento, tornando-se um diretor cinematográfico, produtor, animador e dublador. Como animador conseguiu ganhar destaque nos Estados Unidos, sendo considerada uma das personalidades mais criativas e talentosas da Blue Sky Studios.
Em 1993, Carlos Saldanha assinou o curta metragem de animação Time for Love. O curta conta a história de amor entre um casal de bonecos de madeira de um relógio cuco. O filme ganhou a categoria voto popular do festival canadense Images du future. Já em 1994, o curta lhe permitiu levar o troféu de melhor animação em computação gráfica no Festival Internacional de Animação por Computador de Genebra, na Suíça. Time for Love lhe rendeu, ainda, um emprego na então produtora independente Blue Sky, de seu ex-professor Chris Wedge.
Em 2002, como Co-diretor, Saldanha lança o filme que o consagraria de fato, A Era do Gelo. O filme é uma adaptação da história original de Michael J. Wilson e nos conta as peripécias de Cid, uma preguiça falante e engraçada, Manfred um mamute ranzinza e Diego um furioso tigre dente de sabre, que ficam incumbidos de uma missão, devolver um bebê humano perdido para sua tribo.
A Era do Gelo recebeu indicação ao Oscar de melhor animação em 2003 e faturou nos cinemas ao redor do mundo a quantia de aproximadamente 383 milhões de dólares(5).
Após A Era do Gelo, quando a equipe estava parada, Saldanha teve a ideia de fazer Gone Nutty (A Aventura Perdida de Scrat), que ganhou o primeiro lugar no Los Angeles Art Film Festival. A história de 4 minutos e meio em computação gráfica mostra o neurótico esquilo Scrat, personagem do longa A Era do Gelo, recolhendo nozes e tentando desesperadamente armazená-las no oco de uma árvore. Como em A Era do Gelo, a coleta acaba em desastre. Gone Nutty foi incluído nos extras do DVD de A Era do Gelo e indicado ao Oscar de Melhor Curta de Animação no ano de 2004, mas perdeu para o curta metragem Harvie Krumpet.
Em 2005, Saldanha aparece como diretor do filme Robôs. Esse filme nos conta a história de um jovem Robô sonhador, Rodney Lataria, que aspira trabalhar com um grande e poderoso inventor. A animação rendeu aos Studios Blue Sky a quantia aproximada de 261 milhões de dólares (5).
Estava confirmado, os filmes de Carlos Saldanha eram um sucesso, portanto, não deviam parar por aí. Quatro anos depois de A Era do Gelo a Blue Sky Studios produziu A Era do Gelo 2 (Ice Age 2: The Meltdown). O segundo filme traz de volta não apenas os personagens de seu antecessor, mas também Ellie, uma mamute que pensa ser um gambá, e seus dois irmãos Crash e Eddie que de fato, são gambás.
Todos vivenciam essa nova aventura. Quando enormes blocos de gelo começam a se derreter, Manny, Sid e Diego precisam se salvar do lugar onde vivem, que será inundado em breve. Para isso, acabam alertando os demais animais dos perigos que rondam o local.
Diferentemente do primeiro "A Era do Gelo", em que os cenários eram praticamente todos brancos, na continuação existe um colorido mais alegre, que reflete a descoberta da natureza deste novo mundo. A Era do Gelo 2 faturou mundialmente 655 milhões de dólares, tendo seu orçamento estimado em apenas 90 milhões(6).
Assim que terminou de produzir a Era do Gelo 2, em 2009 Saldanha resolveu inovar. Com a ascensão do cinema 3D ao redor do mundo, a Blue Sky Studios produziu o filme nesse novo formato na certeza de que o retorno seria garantido. E de fato, foi. O filme que completa a trilogia dos amigos inseparáveis faturou mundialmente 884.490.567 de dólares (6). Seu orçamento manteve-se em 90 milhões. O sucesso desse filme conseguiu um notável feito: Tomar o posto de Titanic e tornar-se o filme mais visto de todos os tempos em terras brasileiras, com uma arrecadação de cerca de R$80 milhões de reais em menos de 60 dias de exibição (7).Tornou-se a bilheteria mais rentável do ano de 2009.
A Era do Gelo 3 também teve a inclusão de vários personagens, dentre eles, podemos citar a esquilo Scratita, uma versão feminina do esquilo Scrat. Segundo o site G1 (Globo) Carlos Saldanha já preparara sua próxima animação. Rio, escrito por Don Rhymer e produzido pela Blue Sky Studios, será lançado em 3D no ano de 2011. O filme contará a história de Blu, uma rara espécie de arara residente num zoológico de Minessota, que acredita ser o último de sua espécie. Mas,quando ele descobre que uma outra arara foi descoberta na América do Sul, e que ela é uma fêmea, Blu deixa Minessota e viaja ao Rio para encontrá-la.
Em entrevista ao Cinema em Cena, Saldanha afirma que Rio é o projeto de seus sonhos, um filme que será mais musical que seus anteriores.
A animação, enquanto ferramenta para expressão visual, abriu possibilidades revolucionárias para artistas sintonizados com a dinâmica do mundo de então. Entretanto, apesar da aparente semelhança entre os universos da animação e da tecnologia, o verdadeiro caráter artístico da linguagem da animação está essencialmente no criar. O artista se apropria dos materiais, das ferramentas para
criar a forma. E esse criar encontra-se, única e exclusivamente na mente humana, o
seu campo fértil.
1- Claudia Farias, Crítica de cinema, mora atualmente na República da Irlanda, onde escreve seus artigos. Fonte: http://www.natalpress.com – Acesso em: 04/10/2010.
2-Criada pelo alemão Athanasius Kirchner, na metade do século XVII, é composta por uma caixa cilíndrica iluminada a vela, que projeta as imagens pintadas em uma lâmina de vidro. Fonte: http:// www.wikipedia.org – Acesso em 04/10/2010.
3- Jéss Oliee escreve para o Blog Cinema – Aqui um Espaço para a Sétima Arte.
4- NUCAR - Núcleo de Cinema e Animação de Rondônia.
5- Bilheterias extraídas do site Box Office Mojo. Fonte: http://boxofficemojo.com/movies – Acesso em:05/10/2010.
6- Bilheterias extraídas do site Box Office Mojo. Fonte: http://boxofficemojo.com/movies – Acesso em:05/10/2010.
Referências Bibliográficas
Box Office Mojo. Movie Index, A-Z. Disponível em:
CINEMA. Aqui um espaço para a sétima arte. Disponível em:
CINE REPÓRTER. Site sobre cinema. Disponível em:
DASP Movie Maker. Entre no Mundo do Cinema e da Animação. Disponível em:
EBA. Escola de Belas Artes da UFMG. Disponível em:
ESTADÃO. O Estado de São Paulo. Disponível em:
FARIAS, Claudia. Natal Press.com. Disponível em:
2010.
Informações extraídas do site ICA – Instituto do Cinema e do Audiovisual. Fonte: http://www.ica-ip.pt/- Acesso em: 05/10/2010.
FERREIRA, Aurélio Buarque De Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua
Portuguesa. São Paulo: Positivo, 2004.
FILMOW. Site sobre cinema. Disponível em:
ICA. Instituto do Cinema e Audiovisual. Disponível em: http://www.ica-ip.pt/. Acesso
em: 05 outubro 2010.
IMDb. The Internet Movie Database. Disponível em:
JUNIOR, Alberto Lucena. Arte Da Animação: Técnica e Estética Através da História.
São Paulo: Senac Editora, 2005.
MAB. Museu de Arte Brasileira. Disponível em:
NUCAR. Núcleo de Cinema e Animação de Rondônia. Disponível em:
outubro 2010.
TÓPICOS ESPECIAIS. Blog sobre cinema. Disponível em:
2010.
WIKIPEDIA. A Enciclopédia Livre. Disponível em:
Acesso em: 05 outubro 2010.
* Eduardo Rafael Rodrigues de Carvalho, 21 anos, estudante do primeiro periodo do curso de Cinema e video da Una
Um comentário:
Quem pode, pode! Adorei seu artigo! Muito bom! De qualidade, não é atoa q ta em um dos melhores sites de Animação!
Parabens pelo trabalho.
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