terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Alba e Francisco Liberato em Belo Horizonte


Uma presença histórica para o cinema de animação aconteceu ontem em Belo Horizonte com a exibição no Cine Humberto Mauro do curta Um Outro e do longa O Boi Aruá dentro do Verão Arte Contemporânea, evento que esta em sua terceira edição e engloba teatro, musica, cinema, artistas plásticas, dança, moda que movimenta a capital mineira de janeiro a fevereiro realizado pelo importante Grupo Oficcina Multimédia. O baiano Chico Liberato e sua esposa Alba Liberato estiveram aqui para apresentar esse filme que é emblemático para o cinema de animação brasileiro, considerado o primeiro longa em animação do nordeste brasileiro. Eles são pais da conhecida atriz Ingra Liberato.

Chico Liberato esta em voltas para a realização de um novo longa Ritos de Passagem, premiado em um concurso no Estado da Bahia.

A mulher de Chico, Alba Liberato, também artista plástica, está a mais 40 anos ao seu lado, ajudando em suas produções, na luta pela arte e preservação da natureza. “É difícil ficar com alguém por tanto tempo, mas, a Alba é uma mulher pra vida toda”, declara Chico Liberato. Eles se conheceram no Rio de Janeiro, voltaram à Salvador, se casaram, tiveram cinco filhos e hoje mantém uma vida de cumplicidade, companheirismo e amor.

Ainda na adolescência, Liberato foi morar em uma comunidade indígena no sul da Bahia. Após cinco anos, agregando conhecimento e valores culturais a sua vida e arte, ele retorna com bagagem suficiente para dar continuidade a sua empreitada. Inspirado na cultura popular, ele evidencia em seu trabalho símbolos de caráter folclórico, utilizando materiais naturais como madeira, folhas e sementes de açaí.

O sertão, o sertanejo, a arte popular regional e as figuras místicas presentes no candomblé, são temas sempre presentes em suas produções, identificando e caracterizando seu trabalho. Chico foi o pioneiro do desenho animado na Bahia, ajudando o progresso dessa arte no estado e abrindo caminho para novos artistas. Hoje, com uma longa e produtiva carreira, conta com os filhos, a esposa e uma equipe bem preparada para ajudá-lo na produção e criação dos desenhos.

Chico se lançou no mundo cinematográfico em 1983 com o longa “Boi Aruá”, inspirado na literatura de Cordel. O desenho tem traços fortes e cores inimagináveis, retratando a vida do interior nordestino, mostrando a cultura das comunidades da caatinga. Esse filme de animação foi premiado pela UNESCO e participou da I Jornada Internacional de Cinema, se tornando um marco para o desenho animado no estado.

Já suas esculturas e pinturas vão nascendo entre telas, tintas e madeiras, polidas e desenhadas por ele. Assim, seu fruto traça seu próprio caminho, numa forma singular de encontro entre o particular e o universal. Aprofundando nos significados genéricos da linguagem popular, ele demonstra a natureza, religião e etnia do nosso povo.

Nas décadas de 60 e 70, atua ligado às vanguardas em exposições no MAM-Rio e nas coletivas Opinião 65 e Opinião 66, identificando-se com os movimentos Pop Art e Tropicalismo, que marcam, nas artes plásticas, a ruptura com as tendências vigentes na época. Toda essa sua experiência é então, canalizada para direção do MAM - Bahia, que dirige de 79 até 91.

Solidificando sua posição como artista sempre à frente do seu tempo, utiliza-se de diferentes linguagens para criar uma arte forte e sensível. Atua inclusive no cinema, sendo o pioneiro do desenho animado na Bahia, tendo participado da I jornada Internacional de Cinema, apresentando seus filmes de animação e integrando a equipe de realização do evento.

Ao realizar o importante filme longa metragem "Boi Aruá", retoma em seu trabalho a temática da arte popular regional, viajando pelas principais fontes culturais das comunidades da caatinga do sertão baiano e penetrando nos significados universais da linguagem popular, cujas referencias identificam e caracterizam seu trabalho como artista.

Filmografia de Chico Liberato
Ementário, Antistrof (1972)
O que os Olhos Vêem (1973)
Caipora (1974)
Muçagambira (1982)
Boi Aruá (1983)
Um outro (2008)

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